quarta-feira, 3 de junho de 2009

A CORJA


A CORJA


Afinal, Vale e Azevedo é um herói!!!
Aquela brilhante mona desprovida de seborreia e piloris, sabe muito! No meio de tanta cambada semelhante, ele é um genuíno Ali Baba. Invejo-lhe a argúcia e a afoiteza, ferramentas com que “granjeou” a sua “paupérrima” fortuna que lhe permite viver faustosamente, contornando os pensamentos e objectivos economicistas das mais “sérias”, eficientes” e magnânimas (?) mentes, algumas delas agora colocadas em causa.
Deixaram-no zarpar para a ínsula dos camones, de onde se arroga a gozar a passividade da investigação e da justiça portuguesas. Gracejando ainda com sarcástica descontracção em tom de desafio, argumenta: “venham cá buscar-me”!...

Os órgãos de informação apresenta-nos também o caso Freeport que de tão confuso que está e com as qualidades da canzoada metida pelo meio, mais tarde ou mais cedo acaba por ser silenciado e ponto final. Os portugueses são pessoas de boa fé e acabam por esquecer o passado muito rapidamente.

Assomou-se também às seteiras da falcatrua o BPP, que como se pôde reconhecer, pôs na “miséria” muitos gatos selvagens da floresta financeira, incluindo o lavador de terras auríferas Joe Berardo. Deste, coitado, sinto profunda comiseração.
Como sou puritano e moralista, até estou a pensar seriamente em fazer-lhe uma proposta, que pela sua soberbice, é bastante aliciante; permutar a minha riqueza pela sua miséria. Um dia, se me der na tinêta, escrever-lhe-ei uma carta na qual lhe proporei a negociata, caso ele não se antecipe depois de ter lido esta crónica.*
Penso que se algo de bem tenho que fazer neste mundo para ganhar o outro, onde não há ambição e os cheques sem cobertura são desconhecidos, vejo neste gesto altruísta uma boa oportunidade para o “desgraçado”.

Agora vem o BPN. Coitado do BPN! Lá tiveram os cidadãos portugueses de contribuir involuntariamente para a vacina contra a crise monetária que arruinou aquela instituição bancária, com a modesta esmola de quatrocentos milhões de €uros.
Foi um algar de, por enquanto, “apontados benfeitores”. Esperem que ainda a procissão vai no adro!... Isto é só a uma ponta de um tentáculo do polvo.
O cidadão, “Zé” Oliveira e Costa já me parece um bocado zonzo da cabeçona ou então é um bom actor; caso se venha a atestar esse dom, certamente que vai ter pela frente um brilhante futuro como “músico” nas telenovelas, actualmente muito popularizadas.
Mas se a abóbora pifa e ele começa a regurgitar, é que vão ser elas!?
Olhem agora para o que lhe havia de dar!?... Denegrir o nome do Digmº. Cidadão “Manel” Dias Loureiro. Isso não se faz.
Eu sempre o conheci como uma pessoa de abastadas posses económicas. Já há muitos anos ele possuía um carro de alta gama a bater válvulas por todo o lado, pegava de empurrão, e arrotava baforadas de potência negra, quando era professor em Cantanhede. Nessa altura andava eu à pata. Se ele continua rico é porque tem “trabalhado” para isso. Como, onde ou a quem, a mim não diz respeito.
Claro que não advogo a possibilidade, ainda que remota, de “Zé” de Oliveira e Costa não ser culpado no caso BPN, mas de uma coisa estou certo: o buracão é tão grande que não pode ter sido criado por um só homem. Foi necessário remover muitas pazadas de argúcia, “arrumar” alguns incomodativos pedregulhos do caminho e criar estreitos laços de conivência convergente nos interesses comuns em torno de uma távola redonda que não se conhece, enquanto o Banco de Portugal nas horas de labor, curtia uma mexicana siesta à sombra de uma árvore chamada incapacidade.
Existem evidências que fogem à minha compreensão e com as quais não estou de acordo, bem assim como uma maioria dos portugueses; evidentemente que da minha conjecturada sondagem, também fazem parte aqueles que vêem só de um olho ou pensam somente com metade da massa encefálica. É que os factos são de tal relevância que não é necessário ser-se muito esperto para enxergar o que se está a passar.
Todas as indagações ou processos de alçado litigioso que metam “cães grandes”, arrastam-se por tempo indefinido utilizado na confecção de saladas russas, até se diluírem em conserva letárgica e serem postos de lado nas prateleiras, presumivelmente carcomidas e cheias de pó, dos arquivos judiciais, se antes não tiverem escapulido desse sepulcral destino, alimento com o qual, um dia a História se irá nutrir.
É tudo uma cambada, cuja seriedade está encharcada pela dúvida, para não fazer afirmações de certeza!
Podemos sustentar a convicção de que tudo acabará numa boa!
No código deontológico das corjas, existem laços de apadrinhamento mútuo, rodeados por malquerenças fingidas, mas acaba tudo por dar certo.


António Figueiredo e Silva

Coimbra

Blog: www.antoniofigueiredo.pt.vu

*Se as crónicas que há alguns anos venho
a escrever são inseridas em tantos jornais,
pode ser que esta lhe vá parar à mão.
Espero bem que sim.

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