quinta-feira, 4 de junho de 2009

DESASTRE AÉREO

O DESASTRE AÉREO

(Este parecer refere-se ao acidente do avião AIRBUS A 330 da AIR FRANCE)


Naturalmente que não é minha pretensão fazer aqui qualquer afirmação sobre o que motivou o acidente onde pereceram 228 pessoas. Porém, reunindo algumas das notícias que têm sido veiculadas através dos órgãos de comunicação e adindo os meus parcos conhecimentos de aeronáutica através dos cursos que me foram ministrados, - por lá passei uns bons anitos - julgo ter fundamentos para emitir uma opinião sobre tão catastrófica ocorrência.
É evidente que as provas com mais certezas só poderão ser dadas pelos investigadores depois de serem encontradas as Caixas Negras.
Este nome, para quem não saiba, não obedece a uma tradução literal mas idiomática, que quer dizer “Caixas do Segredo ou Mistério”, por conterem as gravações dos últimos trinta minutos de voo, que constituem, até serem encontradas, as fontes concretas dos motivos provocadores dos acidentes. Estas “caixas”, são tecnologicamente concebidas para resistirem a altíssimas temperaturas, ao choque violento e à oxidação provocada por qualquer produto corrosivo. Elas gravam toda a conversação da tripulação da aeronave e os pontos de controlo em terra, os parâmetros dos reactores, como temperaturas, pressões, fornecimentos de energia eléctrica etc; gravam pressão barométrica exterior, pressão de cabine, velocidade da aeronave em relação ar, sua direcção, a sua altitude e muitas outras coisas que se tivesse que as descrever não chegariam uma dúzia de páginas iguais a esta.
Em aeronáutica sempre me ensinaram que as piores nuvens que pairam na atmosfera são as chamadas cumulonimbos, sendo destas que provém o granizo ou saraiva. São núvens em grande agitação no seu interior, com rajadas violentas, trovoadas, chuvas torrenciais e cristais de gelo, que lhes impõe uma densidade fora do normal, subsistindo deste facto a afirmação de que avião que entrasse num cumulonimbo tinha grandes possibilidades de sair aos bocados; tal não é apocalíptica convulsão no seu interior. Estas nuvens chegam a atingir aproximadamente 10km de altura, a partir da sua base isto é, pode elevar-se até a tropopausa que se inicia a 15km da altura, tendo como referência a superfície da terra e por norma têm a forma de uma bigorna.
As aeronaves comerciais pressurizadas voam normalmente entre os 30.000 a 35.000 pés de altitude (que não é a mesma coisa que altura), o que representa em metros 9.000 a 10.500.
Quer isto dizer que um cumulonimbo de grande envergadura pode atingir uma altitude igual ou superior à do vôo de um avião comercial e este se o atravessar, certamente que estará condenado à desintegração total.
O impacto de uma aeronave que em voo de cruzeiro rasga o céu a uma velocidade de 900 km a 950km por hora, ao entrar num cumulonimbo cuja densidade e turbulência são de enorme grandeza, sofre um violento e repentino impacto em que a única “travagem” é a dissipação da energia cinética da massa voadora, com a criação de vibrações, passando à ressonância, seguida de cargas de ruptura criadas pelos cristais de gelo, culminando no seu total desmembramento. Por analogia, é como se o avião abruptamente fosse atingido pelo tiro de uma grande caçadeira com zagalotes.
Não afirmo que foi isto que aconteceu, porque as aeronaves possuem radares concebidos para a detecção dessas nuvens, contudo, por vezes o ser humano deixa der ver a realidade. Não quero nem devo com isto, culpabilizar seja quem for. Isto não passa de uma mera conjectura. Oxalá que as Black Box apareçam. Elas falarão por mim.
No entanto, como na zona onde se presume ter dado o acidente, existe uma confluência, um choque, de pressões e temperaturas diferentes - segundo dizem os especialistas em meteorologia, evidenciando esta hipótese, com base na vista por satélite - a existência de cumulonimbos, pela mancha de óleo que apresenta uma distância de cerca de 20km e pela distribuição de alguns destroços que concluíram não ser por destruição em radial, pode ter sido mesmo o impacto com a alta densidade destas nuvens e a sua convulsão eléctrica aproximada de 1.000.000 de voltes, que tenham causado o brusco desmembramento da aeronave.
Se tivesse havido uma explosão a bordo provocada por algum engenho, o avião ter-se-ia partido, pela zona da explosão e o tamanho dos seus destroços certamente que seriam de maior dimensão e não estariam tão fragmentados como parecem estar, por uma longa área com sentido rectilíneo.
Por estas razões e a meu ver, a causa mais provável do acidente foi provocada por um cumulonimbo.
Para quem se dedicou ou dedica a fundo, a aeronáutica foi e é uma grande escola que encerra grandes “cumulonimbos” de intensos e vastos conhecimentos.
Esta é a minha opinião.

António Figueiredo e Silva

Coimbra

Blog: www.antoniofigueiredo.pt.vu

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