terça-feira, 22 de setembro de 2009

FANTASIAS CLARAS

“FANTASIAS CLARAS”

Quando o peróxido de hidrogénio ou outro produto químico qualquer, se alastra na piolheira capilar, tem grandes possibilidades de, através da porosidade do couro cabeludo, invadir o tecido cerebral, dando às ideias uma tonalidade e uma constituição de gema de ovo mole, onde a realidade é acometida por uma aurora boreal, que faz com que as ideias pareçam claras, não o sendo contudo.
Não são muitas, mas também não é incerta a existência de algumas “abóboras porqueiras” com ideias claras, cujas mentes estão ainda por clarificar, mantendo-se estas inquinadas por genuínas fantasias, decorrentes de um inveterado ou manhoso facciosismo cuja inseminação lhes foi geneticamente injectada ou embutida à “pancada” pela insistência do malho de borracha dos interesses pessoais, seus únicos fins.
Esses espíritos pobres de nobreza da alma, mal alinhavados por natureza mas presunçosos por condição, merecem a condescendência democrática - só mesmo democrática - dos mais sensatos e dos mais compreensivos, apenas por uma questão de miseração.
Porque eles não sabem o que dizem, não dizem o que pensam ou não sabem já o que hão-de dizer; balizam a sua retórica com epítetos fedorentos, que o bolor da embustice com toda a severidade corrói, na esperança de que os portugueses grudem ao traiçoeiro látex político das suas seringueiras.
Limitam-se, como último recurso, ao aquecimento da maledicência - vocábulo comummente utilizado por José Sócrates nas suas surtidas vocabulares – na forja da matreirice e atiram as borras residuais por esse processo conseguidas, para, num último alento envolvido em aflição, tentarem denegrir a imagem de quem subsiste às afrontas com a cabeça levantada e fora da linha de água que é constituída pelas escórias da politiquice.
Ser-se honesto, vale sempre a pena.
E ainda há gente no meio destas escórias de língua trapeira, que se dá ao luxo imbecilizado e falho de modéstia, de pretensiosamente “rapar” da sua pobre faixa curricular, como se isso os presenteie como donos absolutos da sabedoria, da doutorice, da erudição! Mas que magnanimidade tão sórdida!... Tão cheia de mofo!... Tão patética!... Tão imbecilizada!
Essas borras residuais enveredam sempre pelo trajecto agressivo, martelando consecutivamente na bigorna da repetição. São de mentes fixas, pouco dialogantes, a não ser com aqueles que comungam beatificamente da mesma religiosidade. Fazem um xinfrim dos diabos, convencidos de que outros embarcarão na sua (deles) pandeirêta. E é bem verdade que o fogo serrado e poluente não lhes tem trazido maus resultados!? - A ver vamos, como diz o cego.
Atacam sem mãos, mordem sem dentes, arranham sem unhas, mas picam com ferrão, lamentando-se depois, quando o céu lhes cai em cima. Não gostam nada de aceitar devoluções de encomendas cuja paridade é mais ou menos de peso e medida equivalentes às que enviam.
São como a ceratitis capilata* que, em ordenados pelotões, têm dizimado os citrinos das nossas aldeias, das nossas vilas, das nossas cidades, do nosso país.
Abri os vossos olhos, apurai os vossos sentidos, aperfeiçoai a vossa mioleira e clarificai as vossas ideias. Só assim, podereis proteger os laranjais deste território, contra a invasão dessa praga destruidora.
Só desse modo podereis afirmar que realmente tendes ideias claras.



António Figueiredo e Silva
Coimbra
Blog: antoniofigueiredo.pt.vu

*Mosca do Mediterrâneo.





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