terça-feira, 20 de dezembro de 2011

SÍDROMA DA PELE CURTA

“SÍNDROMA DA PELE CURTA”

É na realidade uma moléstia que está a afectar Portugal no presente momento, e que os “médicos” da economia ainda não deram conta, ou então, fazem-se de lorpas.

Esta doença está a mutilar com toda a brida, a já atrofiada capacidade económica dos portugueses e a enxertar no seu lugar uma miséria franciscana, no decurso da qual, muito infortúnio vai abrolhar.

De todos os contendores políticos, não sinto que algum se tenha importado muito com isso, baseando-se no entanto na realidade emergente que voga à tona sem rumo certo, para criar subterfúgios com o objectivo fundamental de assegurar os seus assentos de tribunos e todas as caçarolas dos compinchas a eles afectos.

Com os meus sessenta e sete anos de existência e a observação das politiquices encenadas que têm “governado” e desgovernado este endémico país, posso concluir que da extrema-direita à estrema-esquerda, são todos semelhantes; quer na teimosia, quer na lengalenga com que irritam ou adormecem o já débil cérebro cabaçal do nosso povo, que por mais sobreirada que tenha apanhado na cabeçona, a sua evolução manteve inalterável a sua doentia inércia.

Sei que a doença referida neste momento ainda não tem cura e provavelmente nunca terá. Gostaria que assim não fosse, porque isso permitir-nos-ia desvestir o colete da preocupação ao alijar a pressão psicológica que nos esborracha a vontade e nos continua a conduzir ao fracasso.

A maleita da pele curta obrigou a que deixássemos de ter vontade própria como povo independente e soberano, ao permitir que um obstinado triunvirato de ácaros, atafulhados de más intenções - e a soldo americano -, irrompesse por aqui dentro para dar ordens, impôr como se governa à sua maneira e à medida alargada das suas conveniências.

Fomos manhosamente financiados por essa cambada, para destruirmos a nossa economia e ingenuamente aceitámos, isto é, aceitaram por nós. Agora, meus meninos, não adianta trancar as portas e há que liquidar a dívida, porque é de facto a única coisa de que somos soberanos e promitentes devedores.

Dentro e na periferia do círculo político, todos gesticulando, espumando, cuspindo e insultando-se entre si, arrazoam que fariam melhor. Melhor o quê?! São só artistas! Tanto o são os que lá estão, como os que por lá passaram e os que desapareceram e não fizeram nada e voltaram a aparecer para nada fazerem na mesma, a não ser para completarem um número “X”, que apesar da crise, imperativamente teimam em manter.

Por isso dilatam os impostos, sobem as taxas moderadoras, rebaixam os ordenados, adelgaçam as comparticipações medicamentosas e outras, aumentam o desemprego, com consequências de mais despesa nas finanças públicas, que se reflectem nos desgraçados dos contribuintes, etc. Enfim, é um tal apertar de arrôcho que por certo muitos “burros” não irão aguentar e certamente a “burricada” vai começar a “escoicinhar” com fúria asinina numa tentativa de rebentar as cilhas imorais que a oprimem e a fazem perder a razão de existir com este síndroma sobre o seu calejado lombo. “O MAL DA PELE CURTA” é o resultado, o desfecho, provocado por uma cambada de interesseiros, incompetentes e hipo-realistas na arte de administrar.

Sei, caros ledores, que muitos de vós não sabeis o que é o mal da pele curta, e, para melhor vos elucidar do dessa maleita, vou contar-vos esta pequenina historieta:

Havia um fulano que de tão subalimentado que andava, a certa altura apercebeu-se que quando fechava os olhos abria-se-lhe o esfíncter e para além do barulho arrotativo e denunciador do sítio da sua proveniência, almiscarava tudo à sua volta com um cheiro pestilento a couves pôdres.

Depois de ter sido observado por algumas entidades que ele julgava entendidas no assunto e sem nada ter conseguido saber, resolveu consultar numa remota aldeia do interior, um médico de frieiras - que também por aí há bastantes.

Após ter entrado no consultório, o esculápio pediu que ele se despisse completamente. Olhou-o de alto a baixo com letárgica calma, examinou-o demoradamente com toques cirúrgicos como quem percebe da coisa e às tantas pediu-lhe que fechasse os olhos. Ao fazê-lo, lá saiu a ventania mal cheirosa e com som ensurdecedor, que há muito vinha atormentando o pobre homem.

O médico, com olhar apreensivo e queixo pousado sobre a mão direita com ar meditativo, manda chamar a esposa, do seu cliente, que se encontrava na sala de espera, e relata a científica e assertiva diagnose:

- Minha senhora o seu marido sofre de uma doença que a meu ver, provavelmente não irá ter cura… Tem o nome de “SÍNDROMA DA PELE CURTA”.

- Mas isso é o quê, Sr. doutor?

- Sabe, devido às necessidades por que tem passado, a pele reduziu o seu tamanho, isto é, ficou mais curta; daí que quando ele fecha os olhos forçosamente tem que abrir o cú.

Caros lentes, é este o mal de que está a sofrer o nosso país. Por isso, esticar de um lado para descobrir o outro os resultados só podem ser utópicos. Outros desfechos não vislumbro; se não se esvaírem no vazio da utopia, imergirão seguramente nas garras do catastrofismo.

António Figueiredo e Silva

Coimbra

Blog: www.antoniofigueiredo.pt.vu

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

PSEUDOCRÍTICO




PSEUDOCRÍTICO (bordoada)


Sou, não sou?! Ignorante, também sou, não sou?! E que mais imperfeições não teriam passado pelas vielas neuronais de um cérebro que me quer parecer bastante endémico, talvez pelo aluimento provocado por um leal e obcecado sectarismo ideológico onde a realidade desmaia!?...
Bem, eu até compreendo, porque apesar das inúmeras imperfeições que me envolvem, sou bastante condescendente para aqueles que me parecem ser uns pobres de espírito e, apesar de serem por vezes incómodos na sociedade que integram, além de contribuírem com o seu préstimo polémico, têm naturalmente o seu lugar assegurado no Céu.
Nunca foi e provavelmente não será minha intenção converter-me num “arauto da verdade”, porquanto, creio que a Divina Providência, não criou o ser humano com esse fim. Se a ele tivesse sido soprada a verdade, o Mundo seria mesmo informe e vazio, como no princípio. Faltaria a harmonia, decorrente da luta entre o verdadeiro e o antagónico
Sou apenas um tecelão opinativo, direito que me assiste, mesmo que a minha opinião seja adubada pela descortesia de afectar alguns laparôtos que se aquilatam de bem mais bem “letreirados”(?).
Toda esta lengalenga, vem a propósito de uma crónica que saiu em diversos periódicos, sendo um deles “O DIARIO DE COIMBRA” (em 06/09/10) a qual se intitulava “CARCÔMA NA PALHÊTA”, onde arrazoava que havia uma “administração de escopêta e por demais duvidosa”; que o Primeiro-ministro (na altura o Ti Zé Sócrates) me fazia lembrar o “Imperador Nero que cantarolava e arranhava a harpa enquanto Roma queimava”; onde dizia na mesma crónica que, “para os portugueses, o problema não está em o “barco” atolar-se; a dificuldade reside nos custos que todos teremos de suportar por causa do timão que por incúria foi mal manobrado e o timoneiro não paga por isso. Isto é, não existem arguições pelas irresponsabilidades cometidas”.
Bem, depois de terem sido publicadas, estas e outras verdades (se calhar eram mentiras e eu desconheçia!), apareceram uns comentariozitos medianamente, a meu ver mal forjados, teclados e manuscritos, via internet e também através de amáveis cartas que recebi, os quais têm estado arrumadinhos na prateleira temporal, a amadurecer ao calor morno da nociva política – dizia eu - que vinha a ser feita, à espera do desabrochamento.
Por fim, efectuou-se a eclosão e a calamidade instalou-se entre nós, sem sombra de incertezas e quer me parecer sem margem de manobra.
Dos anónimos nada me interessa; porém, daqueles que divulgaram somente um sabicho da sua identificação, penso que é altura de saberem que os seus pareceres e maquinações, não caíram em saco rôto ou se esfumaram no nevoeiro temporal.
Eu sei esperar.
Então e agora? Não me venham dizer que o que eu disse era mentira!?
O Sr. Vargas (?...), lamentavelmente vai ter de saber que o mais me dói, com justiça ou sem ela, não são as críticas; o que mais me molesta é que infelizmente ainda haja muita gentinha de mente cerrada neste país.
Para que fique chancelado no encéfalo do Sr. Vargas, se ainda tiver “arquivo” disponível para isso, devo argumentar que me é naturalmente vedado equacionar sobre o que rumina na cabeça dos outros. No entanto, já me é outorgado arrancar conclusões e tecer juízos de valor, em função de factos ou acções por eles manifestadas, se por coerência ou conveniência, isso não sei…. Quase que adivinho!
Mas que por aí há gato fanaticamente interesseiro escondido, há.
Melhor do que eu, o Sr. Vargas saberá


António Figueiredo e Silva
Coimbra

Blog: www.antoniofigueiredo.pt.vu

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

"EUTANÁSIA"

“EUTANÁSIA”

Quando o direito de morrer sem sofrimento não é autorizado pela vontade expressa do enfermo no gozo pleno das suas faculdades mentais, este converter-se numa forma de assassinato, cuja atitude pode ser justiçada pelas linhas emanadas da ética, da moral e da cultura sociais.
É certo que existem formas diversas, que não deixam de ser apenas tangenciais, de justificar a volatilização da vida humana sem a sua autorização atestada, em proveito da sobrevivência de alguns, que mesmo assim vão ficar a pelejar entre si pelo lugar do topo do monte de esterco (merda) de que é feito o género humano.
Entre altercados opróbrios e desmaiadas opiniões falaciosas, a nata pútrida da nossa sociedade, que se tem por ser constituída por pessoas de bem, está apostada em roubar-nos a existência sem o nosso beneplácito, pela aplicação sub-reptícia de normas artesanais feitas à marrêta numa bigorna de desastroso ferreiro, onde as doutrinas são distorcidas com a ajuda do calor da ambição atiçado pelo sopro protector da impunidade.
Repare-se no burilamento rasca das novas normas, ratificadas ou por aprovar, e na apresentação do seu talhe e do seu recheio. São de tal modo complicadas e em tão grande número que nos embaralham o entendimento opinativo, restando porém a indubitável “percepção” de que querem tramar-nos a existência como seres normais. Arrumar-nos, fazer-nos desaparecer, cortar-nos o fôlego: isto é, aplicar-nos artificialmente a paragem cardio-respiratória. Extinção santa! O problema é que antes de atingir-mos este patamar, iremos de definhar aos poucos a nível físico e psicológico. Começamos a deixar de existir em vida, porque viver não é somente bulir.
Se não houver comparticipações, nem dinheiro para eles, não se mercam fármacos; fina-se devagar, devagarinho, mas vai-se. Se o número de transplantes for diminuído, como está previsto, bate-se a caçolêta - em muito ou pouco tempo, mas bate-se - e é dinheiro que se aforra.

, tem que se aprender a ruminar porque o capim ainda é de borla e não carece de gás ou electricidade para sua confecção; ao casebre podem voltar as candeias de azeite ou voltar o uso do gasómetro que substitui perfeitamente as lâmpadas de halogéneo; estas coisas tecidas actualmente vão dar-nos por certo “grande e invejável qualidade de fim de vida”, ao limitar-nos a nossa duração. O objectivo é esse mesmo; acabar os dias grunhindo.
São realidades do género e outras similares que interessam aos governantes, uma vez que, juntas com análogas medidas de contenção, lhes permitem reduzir a despesa que objectivamente baixa em relação a uma “eutanásia” muito bem pensada e muito bem urdida, cujo objectivo é arranjar maquia para tapar os buracos que não foram abertos pela massa obreira.
Então não é? Assim, a velhada desaparece com mais rapidez e reconheça-se quantos mil milhões o Estado já não vai ter que desembolsar.
Este estado de coisas não é devido somente à crise global, mas também à carência interna de falta de pulso na governança, cuja endemia vem a contaminar este país desde 1974. Sucessivos governos permitiram “assaltos” descarados às finanças públicas com as subsequentes transferências dos dinheiros para além fronteiras, como ilhas Caimão, Cabo Verde, Suíça etc.. Até ao boçal e pançudo palhaço-do-chapéu-de-palha foi permitido abrir um buraco negro na ilha da Madeira! E ainda por cima dá-se ao luxo de gozar com os do Contnante! Isto apesar de hilariante é ridículo!
Consequências de toda esta trapalhada, nenhumas. São imunes.
Por isso há que apertar a cilha às dóceis récuas que cá existem para colmatar as fossas que não abrimos, recorrendo a uma “eutanásia” colectiva com maior incidência na velhada, que a fungar e com pingo no nariz, anda estorvar por todos os cantos e esquinas mas a comer à custa do que já contribuíram quando foram novos. Agora que não prestam, devem ser risçados do mapa demográfico. É triste, mas não mentira!
Todas as medidas a serem tomadas tendem a transformar a criatura humana num ser vegetativo, num zombie, até definhar e embarcar no esquecimento eterno.
Esta forma de “eutanásia” tem por analogia um princípio básico: “morrer por morrer, que morra o meu pai que é mais velho”. É isto que já está a passar-se e com propensão para o agravamento.
Ainda a festa vai no adro, e certamente que já muito cangalheiro esfrega as mãos de contente, até que de contentes esfreguem outros por ele.
O descontentamento está a avolumar-se de tal forma entre os portugueses, que não ficarei nada admirado se àmanhã puder vir a acontecer uma tomada da Bastilha cá dentro e este molde de “eutanásia” se vire contra os seus “progenitores”.


António Figueiredo e Silva
Coimbra

terça-feira, 22 de março de 2011

ARTE DE BEM MONTAR

Esta crónica já foi escrita em 17/04/2007,
tendo sido publicada em diversos periódicos.
Vejam os portugueses, ao tempo que andam
a ser montados e só agora estão a sentir na carne
o dilacerar das esporas. Demorou muito tempo,
porém quer-me parecer terem abandonado a letargia (?).
É triste!
ARTE DE BEM MONTAR…
(Carta aberta ao Primeiro-ministro)


Exmo. Sr.


Enquanto estou embalado pela “convicção” transmitida através dos falamentos de alento e confiança que V. Exa. tem dado aos portugueses no decurso das palestras televisivas, eu quase me sinto verdadeiramente como um peixe na água, por sinal bastante poluída para o meu gosto. Oxalá que não me arrependa e não venha a sentir-me como o boi na bosta, remoendo a pensativa palha proveniente do campo da incompetência. Não colocando à margem esta circunstância, provavelmente será a mais certa. Mas longe de mim tal ideia!? Isto é apenas uma divagação e penso que não me irá levar a mal por isso.
A governação tem sido boa, isto é, à maneira de V. Exa.. Os portugueses, apesar de um macilento sorriso, até tiveram mais dinheiro para gastar em prendas neste Natal, segundo as resenhas levadas a efeito pelas diversas emissoras de televisão, que gravitam à roda do sensacionalismo, principal objectivo da sua caça às audições, que de boca aberta e mente cerrada, ouvem verdades e mentiras sem saberem destrinçar o trigo do joio.
Saiba V. Exa. que eu nunca acreditei no pai natal, razão essa que me leva a ser apreensivo, não acreditando com excitado fanatismo em tudo o que ausculto. Por tal razão, penso que os portugueses foram “salvos” pelos cartões de crédito generosamente oferecidos pelas instituições bancárias, cujo gesto de falso altruísmo irá ser pago com língua de palmo e meio.
Estamos a viver à fartazana, não estamos? Comidinha não nos falta; louvado seja Deus e aos fiados; temos muito futebol, onde até se usam corruptos apitos dourados; demo-nos ao luxo de perdoar as dívidas a alguns países africanos e injectamos uns trocados noutros, sem qualquer exigência; democracia também não nos falta, senão eu não poderia estar aqui a dizer estas “bacoradas”; no entanto, devo dizer que até estava a precisar de um “hotel” à custa do contribuinte, pois já não sou de tenra idade e sinto mais necessidade de meditar do que de trabalhar. Mais agora, com o encerramento de Urgências Hospitalares, abaixamento da comparticipação medicamentosa, quinhão hoteleiro no alojamento hospitalar e nas intervenções bistúricas, subida de 6% na energia eléctrica, uma bicadazinha na H2O, “pequenino” ajustamento no preço dos inflamáveis provenientes do ouro negro, acerto previsto nas indústrias de panificação que ronda os 20%, subidazinha no preço dos transportes e irrisório aumento das reformas, confesso que, abrasiado como ando, tenho muito medo de andar à solta!?... O que acha V. Exa. deste meu pavor? Será por acaso esta pergunta inconveniente?... Ou pertinente?
Apesar de eu ser bastante “pessimista”, como pode verificar, tenho gostado das palavras sabiamente articuladas por V. Exa. e sei que são imbuídas de uma facundidade fora do normal, o que mostra ser um verdadeiro aldrete, cuja oratória é convincente na sua forma e, sem sombra de dúvida, apodíticas de uma boa governichação. E muito mais o serão, para aqueles que “sabem” o que é política, que não eu, e para todos os outros cuja miopia cerebral alterou a densidade intelectual da sua massa encefálica.
Sabe Sr. Primeiro-ministro, quando uma pessoa passa dos sessenta, aquela fasquia que muitos parvalhões intitulam de terceira idade, já não diz coisa com coisa; mas deixe-me lá desarrolhar o meu gargalo um bocadinho, porque entendo que já baixei as “calças” demais, e daqui a pouco...!
Até agora versei, suponho eu, sobre a parte socio-económica, desenfreada peste negra que está assolando impiedosamente os portugueses, sobretudo os mais desfavorecidos – o que lhes vale são as Bem-Aventuranças, mas que não dão comer a ninguém.
Sem me alongar demasiado, gostaria de dissertar somente um pouco sobre a parte unicamente social, começando pela segurança que não temos. Ah, pois não!?... V. Exa. não sabia? Então se à própria polícia não é concedido o poder de defender-se das agressões físicas e verbais de que muitas vezes é vítima, como pode ela defender-nos? Seria um contra-senso fazê-lo. Se o professorado é tão depreciado e desautorizado, como pode conceder uma cabal educação, quer científica quer cívica? Actualmente, eu não gostaria de ser professor, Sr. Primeiro-ministro! E sei que muitos o são, devido à carência que têm de um salário, porque por motivação, certamente que o ensino desertificaria e ficaríamos com uma superfície territorial pejada de camelos. Agora, devido à abastança de iliteracia no nosso país, já é permitido ou está em vias disso, o professor ser aquilatado por qualquer asino ou desensinado, que pode não dizer duas p’rá caixa, mas faz barulho… E por vezes vence. Sobre a justiça, não é necessário dizer nada, porque é cógnita a sua “indubitável” credibilidade e rectidão, isto é, quando não aparece nenhum “pedregulho” pelo caminho e os nossos são muito pedrosos, como certamente V. Exa. já se deve ter inteirado.
Olhe Sr. Primeiro-minisro José Sócrates; já deve estar fartinho de padecer ao ouvir o asneiredo deste velho ranhoso e iletrado, porém como ainda não ervilhei, não vou terminar sem antes sugerir uma coisa a V. Exa.: muito eu gostaria, que à semelhança do nosso rei D. Duarte de Bragança, mui entendido na arte de cavalear, que até escreveu um livro intitulado”Arte de Bem Cavalgar Toda a Sela”, V. Exa. escrevesse também um, que similarmente ficaria para a história, porém, que tivesse por título, “Arte de Bem Montar Todo o Asno”.
Não seria despropositado, pois não!? Eu penso que devia ser fantástico!


António Figueiredo e Silva
Coimbra

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

OS POLIDORES DE ESQUINAS

OS POLIDORES DE ESQUINAS
(RISÍVEL, CÁUSTICO MAS JOVIAL!?)


Os polidores de esquinas!... Proxenetas exploradores da mandriice por conta própria, e muitos deles, sanguessugas do nosso suor, por conta da protecção governamental.
Nesta análise não estão incluídos reformados, aposentados, desempregados compulsivos, decorrentes da miséria portucalense, ou inválidos por deficiência física ou psíquica.
Não!... Os polidores de esquinas são uma classe à parte onde os dias não têm horas e o tempo vai passando sem solavancos, no vazio de um débil marasmo.
Ainda que com o mesmo objectivo, o de não fazer a ponta de um corno, todos têm características diferenciadas.
Uma grande parte deles, dependurados numa beata de cigarro acesa onde a cinza tem o dobro do tamanho, encostados às paredes com os olhos a meia haste, meditando sem cérebro no vazio da preguiça, sua preocupação de sempre. De vez em quando lá mandam uma catarrótica tossidela para expulsar parte da nicotina e advertir quem passa, de que ainda estão vivos.
Há outros que depois de extenuados por um dia de trabalho sem fazer nada, levantam-se às onze ou duas da tarde, miram-se num caco de espelho sujo com algumas cagadelas de mosca, dependurado num ferrugento prego na parede da “latrina”, passam as costas das surradas manápulas pelos olhos, fazem uma mija, vestem uma T-shirt e umas calças de ganga que raramente vêm sabão, enfiam os cascos numas sapatilhas já puídas, besuntam a guedelha com um bocado de gel sem se pentearem, pois agora é moda, enfiam nos queixos um cigarrito que é adquirido com o rendimento mínimo garantido, que a Segurança Social na sua “Divina” bondade se encarrega de fornecer, e lá se dirigem à tasca do costume para encetarem o dia com um favaios, um porto, um bagaço ou mesmo um copo de zurrapa tinto. Aparecem os amigos da mesma laia e entabulam uma conversa “científica” de deitar fora. Entre os diálogos e as pausas, enquanto a barba por rapar vai crescendo mais, vão penetrando umas sardinhitas ou uns mal curtidos tremoços, e assim passa mais um dia, que culmina com um pifão dos diabos, para eles única prova evidente de que a terra roda e se não se segurarem às paredes estão sujeitos a dormirem numa valeta até que a “cabra” passe. Quando passa!? Porque alguns dão continuação.
Outros ainda, acordam a vagir, a contorcerem-se como verdadeiros praticantes de ioga, agarrados aos músculos e ao estômago, maldizendo a vida que por opção escolheram. Esses não chegaram sequer a despir-se. Espremidos pela ressaca do “pó” e da bebida, saem esbaforidos para garimparem algumas moedas num peditório disfarçado “arrumando” carros, ou até mesmo solicitando cinquenta cêntimos que lhe “faltam” para o bilhete de regresso a Lisboa, com o fim de custearem a próxima “batidela”, o próximo chuto, porque o “fornecedor” não fia. Quando o conseguem, safam-se sorrateiramente para um canto qualquer e com ansiosas ganas, enfiam a endovenosa a leste de qualquer desinfecção, seguido de um extasiado arregalar de olhos e um abafado suspiro de alívio, aaaaaaah!!! Já está. O trabalho do dia está feito. Mas se for necessário porque exista má índole ou premente necessidade, também irá trabalhar umas horas em part-time durante a noite. Há muitas montras para partir, muitas portas para arrombar, o policiamento é também muito incapacitado e a lei branda demais; mas estes têm que ser suportados porque alimentam muitos postos de trabalho, sendo por isso um mal necessário.
Mas não é surpresa para nós a proliferação de outros com qualidades diferentes; muito educados e muito limpinhos, que não têm nada a ver com o resto da cambada, só que nasceram com um espírito filosoficamente existencialista, onde o gosto pelo trabalho morreu à nascença, e vivem os dias com uma sabedoria biblicamente certa: “vede as aves do céu que não semeiam e têm sempre que comer”! Certo!... Só que Deus esqueceu-se de dizer que alguém semeava por elas.
O gosto pela ociosidade e pela despreocupação transformou-se num desgosto pelo trabalho, não deixando porém de se lamentarem da puta da vida, que os não ajuda. “Criam-lhes” uma chaticezita aqui, outra ali, mas a culpa é sempre dos outros. Isto é como nós acidentalmente darmos uma topada numa pedra e a culpa ser da pedra. Esses que estão no topo da fasquia, analogicamente em relação aos restantes, nem são carne nem são peixe; lá vão vivendo, com um lamento aqui, uma risada acolá, mesmo sem a garantia do rendimento mínimo garantido, com algum penoso sacrifício e a muito custo, lá vão arranjando para a bica ou a cervejita.Com uma resignação fora do comum, vão alegremente levando a cruz ao Calvário, o que, para quem não gosta de trabalhar, não por falta de força física mas por falta de força de vontade, já não é nada mau!
Resignação acima de tudo!


António Figueiredo e Silva



quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A MOSCA

A MOSCA

- Onde fica um restaurante que me poderá servir um cozido à portuguesa? – Perguntei.
Chega ali à rotunda, sobe aquela rua de pedra, sempre, sempre, até começar a descer e lá no fundo existe um. Chama-se “X”.
Seguindo as indicações para lá me dirigi encontrando de facto um restaurante que pela aparência exterior me pareceu uma espelunca. Ficámos um pouco indecisos mas resolvemos entrar tendo o caso mudado de figura e o meu apetite aguçou de novo. Duas salas contíguas bastante grandes, decoradas rusticamente, tudo muito limpinho, uma grande cozinha asseada também, donde podíamos ver tudo o que nela faziam.
- Boa tarde, -diz o empregado simpaticamente. Temos cordeiro assado com batatinha no forno, vitela assada com arroz...
- Não diga mais. Vitela assada no forno se faz favor – disse eu.
Comecei por examinar os talheres, como é meu costume e encontrei um garfo com restos de comida agarrados. Nada mau – pensei. Discretamente chamei o empregado e solicitei-lhe que me trocasse o garfo em causa por outro, o que ele solicitamente fez.
Os minutos foram passando enquanto me ia entretendo a malhar nas entradas, até que chega a vitela – lombo por sinal - com boa aparência, bem apresentada e com soberbo cheirinho.
Com todo o cavalheirismo que me é peculiar quando estou bem-disposto, servi a minha mulher e a mim, dando de seguida, início ao exercício da mastigação com as glândulas salivares no seu máximo de produção. Tagarelando e comendo, lá íamos dando cabo do apetitoso lombo. Já havíamos passado de metade, quando a minha mulher me chama à atenção para a travessa das batatas.
Olha ali – diz baixinho.
Reparo e vejo um animal alado, de cor azul pavão, com repugnante aspecto, entalado nas apetitosas batatas. Uma mosca varejeira?! O pensamento começou a fervilhar e o estômago a fechar-se. Talvez este animal tivesse sido gerado nalgum cão raivoso ou gato mortos há dias; ou tivesse estado a pôr a sua criação vivípara nalguma ratazana já suculenta de podre. Formou-se uma invasão de pensamentos que me cortaram completamente o apetite provocado pela galga que dantes sentia. Mas donde raio teria vindo aquela mosca?... Se calhar foi fantasma de algum cagalhão mal assombrado, quem sabe.
Fiz sinal ao empregado para se aproximar e disse-lhe num sussurro:
- Por favor retire esta travessa daqui e verifique o que ela tem a enfeitar as batatas.
O homenzinho ficou para morrer mas manteve o silêncio aliado a uma expressão de vítima. Mas as coisas acontecem. Por mim eu perdoava, mas o meu estômago não.
Pedi a conta e paguei não antes de lhe segredar por entre os dentes, mas em tom de brincadeira:
- Não se aborreça com o que se passou e guarde a mosca para amanhã. Que nunca mais chegou, claro.
Puta que pariu a mosca. E neste país há tantas!... Não sei se por causa do cheiro a podre, ou da muita merda que cá por existe.

António Figueiredo e Silva

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

homenagem a José Sócrates

MONUMENTO A JOSÉ SÓCRATES
Pelos degraus curriculares - que muitos duvidam - ao longo da sua existência, pela forma como se tem comportado em relação aos portugueses, pela sua facilidade de retórica várias vezes contestada e destituída de coerência, pela sua governação exemplar, sem a qual não teria transformado este país num jardim de rosas com picos, e, acima de tudo, pela sua virtuosidade falhada e destreza na manipulação de todos os meios para guindar este território ao mais alto nível da economia mundial, ele, Primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates Pinto de Sousa, é por certo merecedor desta minha homenagem.
Vejam.
António Figueiredo e Silva

http://www.youtube.com/watch?v=sMiYc8-mOHc