segunda-feira, 3 de outubro de 2011

"EUTANÁSIA"

“EUTANÁSIA”

Quando o direito de morrer sem sofrimento não é autorizado pela vontade expressa do enfermo no gozo pleno das suas faculdades mentais, este converter-se numa forma de assassinato, cuja atitude pode ser justiçada pelas linhas emanadas da ética, da moral e da cultura sociais.
É certo que existem formas diversas, que não deixam de ser apenas tangenciais, de justificar a volatilização da vida humana sem a sua autorização atestada, em proveito da sobrevivência de alguns, que mesmo assim vão ficar a pelejar entre si pelo lugar do topo do monte de esterco (merda) de que é feito o género humano.
Entre altercados opróbrios e desmaiadas opiniões falaciosas, a nata pútrida da nossa sociedade, que se tem por ser constituída por pessoas de bem, está apostada em roubar-nos a existência sem o nosso beneplácito, pela aplicação sub-reptícia de normas artesanais feitas à marrêta numa bigorna de desastroso ferreiro, onde as doutrinas são distorcidas com a ajuda do calor da ambição atiçado pelo sopro protector da impunidade.
Repare-se no burilamento rasca das novas normas, ratificadas ou por aprovar, e na apresentação do seu talhe e do seu recheio. São de tal modo complicadas e em tão grande número que nos embaralham o entendimento opinativo, restando porém a indubitável “percepção” de que querem tramar-nos a existência como seres normais. Arrumar-nos, fazer-nos desaparecer, cortar-nos o fôlego: isto é, aplicar-nos artificialmente a paragem cardio-respiratória. Extinção santa! O problema é que antes de atingir-mos este patamar, iremos de definhar aos poucos a nível físico e psicológico. Começamos a deixar de existir em vida, porque viver não é somente bulir.
Se não houver comparticipações, nem dinheiro para eles, não se mercam fármacos; fina-se devagar, devagarinho, mas vai-se. Se o número de transplantes for diminuído, como está previsto, bate-se a caçolêta - em muito ou pouco tempo, mas bate-se - e é dinheiro que se aforra.

, tem que se aprender a ruminar porque o capim ainda é de borla e não carece de gás ou electricidade para sua confecção; ao casebre podem voltar as candeias de azeite ou voltar o uso do gasómetro que substitui perfeitamente as lâmpadas de halogéneo; estas coisas tecidas actualmente vão dar-nos por certo “grande e invejável qualidade de fim de vida”, ao limitar-nos a nossa duração. O objectivo é esse mesmo; acabar os dias grunhindo.
São realidades do género e outras similares que interessam aos governantes, uma vez que, juntas com análogas medidas de contenção, lhes permitem reduzir a despesa que objectivamente baixa em relação a uma “eutanásia” muito bem pensada e muito bem urdida, cujo objectivo é arranjar maquia para tapar os buracos que não foram abertos pela massa obreira.
Então não é? Assim, a velhada desaparece com mais rapidez e reconheça-se quantos mil milhões o Estado já não vai ter que desembolsar.
Este estado de coisas não é devido somente à crise global, mas também à carência interna de falta de pulso na governança, cuja endemia vem a contaminar este país desde 1974. Sucessivos governos permitiram “assaltos” descarados às finanças públicas com as subsequentes transferências dos dinheiros para além fronteiras, como ilhas Caimão, Cabo Verde, Suíça etc.. Até ao boçal e pançudo palhaço-do-chapéu-de-palha foi permitido abrir um buraco negro na ilha da Madeira! E ainda por cima dá-se ao luxo de gozar com os do Contnante! Isto apesar de hilariante é ridículo!
Consequências de toda esta trapalhada, nenhumas. São imunes.
Por isso há que apertar a cilha às dóceis récuas que cá existem para colmatar as fossas que não abrimos, recorrendo a uma “eutanásia” colectiva com maior incidência na velhada, que a fungar e com pingo no nariz, anda estorvar por todos os cantos e esquinas mas a comer à custa do que já contribuíram quando foram novos. Agora que não prestam, devem ser risçados do mapa demográfico. É triste, mas não mentira!
Todas as medidas a serem tomadas tendem a transformar a criatura humana num ser vegetativo, num zombie, até definhar e embarcar no esquecimento eterno.
Esta forma de “eutanásia” tem por analogia um princípio básico: “morrer por morrer, que morra o meu pai que é mais velho”. É isto que já está a passar-se e com propensão para o agravamento.
Ainda a festa vai no adro, e certamente que já muito cangalheiro esfrega as mãos de contente, até que de contentes esfreguem outros por ele.
O descontentamento está a avolumar-se de tal forma entre os portugueses, que não ficarei nada admirado se àmanhã puder vir a acontecer uma tomada da Bastilha cá dentro e este molde de “eutanásia” se vire contra os seus “progenitores”.


António Figueiredo e Silva
Coimbra

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