quarta-feira, 25 de julho de 2012


PARA MIM, É INCOMPREENSÍVEL

Quando a terra está sedenta, o céu escurece e dele jorra um aguaceiro mais forte, estão criadas as condições ainda que enganosas, para que se inicie de imediato uma germinação que prepara a mesa da abundância onde todos os seres hão-de banquetear-se, alheando por completo quaisquer conjecturas decorrentes destas dúbias circunstâncias climáticas.
Acontecimentos do género, pese embora a sua diversidade, são abundantes na sociedade global em que estamos entranhados e permitem a alguns matreiros a fruição de regalias a nível material e intelectual, que de outra forma passariam (os manhosos) inobservados no seio da manada de “escravos” enlouquecida no deserto da “democracia”, ofuscados pela ilusão duma alforria que afiança pôr fim ao aperto das grilhêtas.
Connosco, desde há 38 anos para cá e pelas mais diversas razões, situações idênticas sucederam, mantendo ainda hoje os seus frutos que, apesar da má qualidade, vão reinando lautamente à custa do erário e permitem-se, não sei com que fundamento moral, dar uma coloração embaciada à política da actual governação.
Mário Soares, disso é prova manifesta.
…“dentro de alguns anos poderemos ter em Portugal níveis e padrões de vida semelhantes aos dos países europeus” – oráculo de Mário Soares em 26/09/1976.
Como se pode infalivelmente verificar, com toda a sua requintada presunção e aguçado palpite, acertou (?).
Foi a figura – não descorando também as de Otelo Saraiva de Carvalho e Rosa Coutinho – que mais gozou o povo português e ainda hoje se mantém colado ao úbere, porque enquanto houver “escravos”, ele não secará.
Com toda a inutilidade das suas “presidências abertas”, fariscamento de enaltecerias e excluindo as custas faustosas, apenas no espaço compreendido entre 1990/92, somente em viagens esbanjou 229 milhões e 245 mil contos. Foi uma modesta contribuição para a intumescência do nosso corrente calote – são coisas que o povo esquece mas os livros vêm lembrar.
De entre todas as honrarias e distinções que lhe foram atribuídas, a que considero com o mais alto agraciamento honorífico foi a de Cancelário da Confraria do Vinho do Porto – etílica mas doce.
Na altura em que Mário Soares esteve em Coimbra na homenagem ao Dr. Mário Silva, esclareceu que “o Salazarismo e a Ditadura decapitaram a ciência portuguesa”. Esqueceu-se porém da existência de umas desigualdades acentuadamente bem distintas entre eles – Mário Soares/Salazar – e as suas personalidades, no que diz respeito a amor à pátria, obra e prova. São estas três causas Salazaristas que os distanciam e não vale a pena mais dizer.
É este Sr., o ex-Presidente da República Portuguesa que, refasteladamente alapado se faz transportar num carro do Tesouro à custa de todos nós, voando 199Km/h, e ao ser surpreendido pela Brigada de Trânsito GNR é mandado parar, e depois de ter aplicada a sanção punitiva ao seu motorista, grasna com descontraído desplante que “o Estado é que vai pagar a multa”?! Por vezes é preferível o silêncio à insolência do descaramento.
É evidente que não vou aqui estar aqui a enumerar todas as patacoadas por esta “ilustre” figura cometidas, porque isso já seria sebenta devassa; como não sou político, não me dou a essas mexeriquices, mas sou forçado a questionar: qual é a moral e os fundamentos de que Mário Soares se remedeia para dar lições de política a todo o mundo e a meter o bedelho na governação, que anteriormente tanto dizimou?
Mesmo com conhecimento da real implacabilidade do carcoma etário, para mim é incompreensível.

António Figueiredo e Silva
Coimbra
25/06/2012
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terça-feira, 17 de julho de 2012

AS HIENAS


“AS HIENAS”


Se enxergarmos com apurado sentido crítico alguns políticos, podemos concluir que, na sua maioria, são muito parecidos com as hienas; quando lhes aparece o isco, encetam uma frenética e buliçosa correria, e, irradiando gritos sinistros, atiram-se a ele com unhas e dentes numa renhida destrinça, para ver quem se nutre com o maior quinhão.
As eleições sempre constituíram um isco de boa qualidade, pelo que, mesmo esparrinhando cuspo e carranhas por tudo quanto é canto, vale sempre a pena contender com toda a ambiciosa voracidade e usar de todos os termos mais perniciosos rebuscados nas partes mais “magnificamente mobiladas” no nosso léxico.
Embicam entre si, e presenteiam-se mutuamente com verbações poluídas de aviltantes metáforas saídas de cérebros malsãos, deformados e esquartejados pela sêde de domínio, seu principal objectivo. Emporcalham as ruas com zumbidora presença, ora derrubando ora interpelando quem passa abstraído da apalhaçada barafunda, que tenta - e por vezes consegue - induzir e introduzir o derramamento e catequização da doutrina filosófica, à sombra da qual se mobilizam e chegam a aborrecer.
Por vezes até verbalizam algo que se pode aproveitar, evidentemente com astuciosa precaução, porque nos discursos do político, nem tudo o que luz é ouro, nem tudo o que é amarelo é palha. Uns apenas esgaravatam no chão de terra batida da capoeira do seu “intelecto”, uns quantos termos sem conexão, alguns já moídos pela usança, que de tamanha persistência se convertem em fastidiosas vertigens.
Paralelamente à palheta, oblatam uns coloridos odres de plástico, umas rascas camisetas, umas reles esferográficas - para muitos rabiscarem - cospem gafanhotos com imundos filamentos de pegajosa baba à mistura, contudo ainda nenhum se lembrou de fazer a distribuição, também gratuita, de preservativos de aço aos portugueses que sofrem dores atrozes de tanto terem sido sodomizados.
E porque não fazê-lo, se toda aquela eufórica festança manifesta um cariz de ofertório carnavalesco, a contrastar com o ridículo dos figurões que compõem o corso?
Numa romaria destas, alguns têm a faculdade de refulgir mais do que outros; ou pela sua léria na oratória, ou pelo seu utilitarismo incisivo mas enganoso, ou ainda da pior maneira, que como um batel desgovernado, sem vontade própria, - fingimento - se deixam acarretar ao sabor das ondas populistas. Tudo isto são ocorrências que podem ser notadas por todos os que a essa tarefa se derem.
Claro que os portugueses são bastante passivos, mas também se empanzinam da bazófia repetitiva e do ardil trivial, cujos resultados ficam claramente evidenciados, aliás, como tem vindo a verificar-se através da percentagem votiva. Apesar de tudo, estou crente de que a leccionação encontra sempre miolos permeáveis à entrada doutrinária!?
Assim, fazendo uso dessa permeabilidade como uma conjunção, aliada à “fome” e ao ardil d’as hienas”, estas sentem ousadia para novos ataques, e, com fúria selvagem, aventuram-se na savana politiqueira fazendo um alarido descomunal, há procura de presas meio entorpecidas!
Para meu mal e de muitos, os engodos quase sempre resultam; prova manifesta de que os portugueses sofrem indubitavelmente de um achaque chamado masoquismo, que se traduz no prazer resultante do sofrimento, um dos sintomas indicativos de oligofrenia.
As hienas são assim; vencem pela persistência e quando o vento lhes é favorável.
Para com elas todo o cuidado é pouco!?

António Figueiredo e Silva  
Coimbra
21/06/2012

*Pessoa que a tudo diz ámen
em quaisquer circunstâncias.


segunda-feira, 16 de julho de 2012

EU DEMITIA-ME


EU DEMITIA-ME

Se à minha volta rodopiassem intempestivamente acentuados rumores de desconfiança que colocassem em causa a minha integridade e a minha capacidade intelectual, ai… Eu demitir-me-ia, com toda a firmeza.
Depois de tantas manifestações e comentários de achincalhamento, suspeição, revolta e contestação, derramadas sobre a ministerial cabeça, que colocam em causa a sua capacidade e a fidelidade para superintender o papel de que foi incumbido, não sei porque Miguel Relvas ainda o não fez!?
Ista atitude leva-me a pensar que a verticalidade da sua personalidade não existe, rondando contudo, uma inconsistente direcção hiperbólica. Mantém-se com requintada teimosia aglutinado ao poder, da mesma forma que uma lampreia se agarra ao seu estalajadeiro, não se importunando com as variações da maré.
Pessoalmente, não considero a caturrice um acto de coragem, nem tão pouco a justificação ilibatória de qualquer acto menos próprio, ainda que os tribunais considerem o contraditório.
Pelos dados que têm emergido e andado à tona nas ondas hertezianas ou circulado na fibra óptica da nossa informação, quer-me parecer que a “formatura-à-bolonhesa” de Miguel Relvas, concedida através de créditos, afinal não conferiram crédito algum.
A mente humana, na sua viagem ampla e ilimitada, foge radicalmente à objectividade das regras e envereda por outros caminhos que não os estipulados pelo “consenso” da lei. Esta (lei) pode desacertar, como muitas vezes tem acontecido, pela interveniência de fortes e tentaculares interesses exógenos, cujas ventosas agarram e entortam a sua filosofia aplicativa. Bem sabemos que assim é.
E é precisamente pela fuga à objectividade das regras que a mente sensível se embrenha no fumo; este, pela sua orientação, denuncia o fogo, que em princípio pode não ser visto, mas da sua existência não haverá incertezas, porque são companheiros indivisíveis.
Se me cheirasse a fumaça, mesmo que não tivesse sido eu o autor do labarêda, arrumar-me-ia imediatamente, não por cobardia, mas por fidelidade a mim próprio e aos princípios pelos quais me oriento. Não compreendo como Miguel Relvas não o faz!? Se calhar até cometia um acto de grande benevolência para com Passos Coelho e consequentemente para com o governo.
A época e a coragem de Martim Moniz foram postas à prova noutros tempos e segundo uma firme e sentida maneira de pensar: o puro patriotismo. Actualmente esta virtude, se assim podemos apelidar, passou para segundo plano.
EU DEMITIA-ME.


António Figueiredo e Silva
Coimbra
12/07/2012

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segunda-feira, 9 de julho de 2012

ABORTO À PORTUGUESA, SÓ CÁ.


ABORTO À PORTUGUESA, SÓ CÁ.
Só aqui. Só neste país se “manda o Zé às compras” e os outros que paguem a mercadoria. Se isto não cabe na cabeça de ninguém com juízo, muito menos na minha que não o tem.
O vigente governo, aiiinda estááá a estudaaar a iiimplemeeentaçããão de taxas moderadoras para a interrupção voluntária da prenhez. Realmente é um descomunal problema, fruto de um caso bicudo e duas bolas de esperma, que agora faz o nosso Ministro da Saúde (ou da doença) andar num rodopio em permanente veladura, para espremer ainda uns “tostõezitos” através da aplicação de mais umas taxas moderadoras, que há muito deviam ter sido aplicadas.
Não penso que seja necessário fazer tanto alarde e chamuscar os miolos à volta de um facto onde a subjectividade não afecta a clareza da razão. Sou de opinião que o Ministro da Saúde tem por direito dormir descansado, perante um facto que apresenta tanto de mau como de ridículo; “a interrupção voluntária da gravidez”.
Mau, porque existe uma permissão legal e uma falta de senso materno para a liquidação de uma existência, em princípio naturalmente concebida. Ridículo, porque o estado se substituiu a uma responsabilidade em que os contribuintes são, por arrasto obrigatório, injustamente responsabilizados pelo pagamento integral decorrente das “cavaladas” que outros cometeram em pleno deleite e perfeito juízo.
Há muito que a situação do aborto me anda a coriscar no cérebro e penso que chegou a hora de morder, se bem que anteriormente já tenha rabiscado algumas críticas.
Abertamente, eu sou contra qualquer taxa moderadora nesse sentido; quem o deseja efectuar, deve pagar integralmente as despesas inerentes ao “matricídio” autorizado e não tem peva a arguir.
Com toda a informação científica e tecnicismo actualmente existentes ao dispor da sociedade com total abertura, a procriação está implicitamente ligada à vontade de cada um e pode muito bem ser evitada se assim o desejarem. Assim sendo, o estado não deve despender dos dinheiros públicos para fins abortivos.
Casos existem, em que a radicalidade de que sou a favor, tem forçosamente que ser posta de lado por força das circunstâncias que podem levar as pessoas a este extremo; neste horizonte, já nem taxas moderadoras devem existir mas sim a gratuitidade absoluta em todos os serviços necessários à efectivação do desmancho.
São eles, casos de violação compulsiva, perigo de vida para a futura parturiente, aberrações ou anormalidades que coloquem em causa a normal sobrevivência do futuro ser, e outros cujas razões devem ser avaliadas, que não as de mero capricho ou “distracção”.
À guisa desta crónica opinativa, veio-me à memória um poema do já falecido Dr. Sanches da Gama, pessoa conhecidíssima desta cidade, pela mordacidade dos seus versos. Este saiu num guardanapo, quando, certo dia ele presenciou no já extinto Café Arcádea” um par de pombos num mútuo ensino de “linguística” salivosa.

Metam a broa na pá
Porque o forno já está quente.
Mas por tudo quanto há,
Não “forniquem” o juízo à gente.

 António Figueiredo e Silva
Coimbra
29/06/2012
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ERA UMA VEZ


 ERA UMA VEZ
Carta ao meu amigo Zé (VI)

Raramente te dou notícias minhas, mas, como todo o amigo-de-Peniche, só quando estou deveras embassado, flatulento, revoltado, quezilento, exasperado e a sentir outras realidades que não me atrevo a dizer porque seria forçado a consumir palavras do mais vernáculo e acintoso português, que felizmente ainda não constam no cabro do acordo ortográfico, é que te dou conta da minha existência.
Olha, amigo Zé, já estou a ficar irritadiço só com o atrupido da cavalgada, que com as ferraduras da incompetência me tenta esmagar a lógica do pensamento. Perante este fundamento e para não esbanjar toda a raiva que me lavra a razão e me pode coagir a sair dos carris, escolhi contar-te uma história para ajudar a dissipar o meu nervosismo, e, quem sabe, arrancar-te do marasmo em que deves ter vivido.
Como todas as histórias, esta também irá começar por: “era uma vez”…

Era uma vez…
Um território que apesar de ter suportado várias fatalidades esporeadas durante muitos anos por cobiças externas, péssimas políticas, insurreições, assassinatos com regicídios pelo meio e mudanças do estilo de governação, alcançou certo dia, alguma estabilidade económica, financeira e acima de tudo, disciplinada. O seu povo podia respirar à vontade a brisa límpida assoprada pelas qualidades doutrinais da ética, da justiça e naturalmente pela quietude social. Era uma nação que impunha respeito e colhia o apreço de todos os que dela tinham conhecimento.
O seu povo vivia numa concórdia “antiquada” com a qual talvez na época não simpatizasse, porém com uma segurança a todos os níveis e uma governação exigente e cumpridora das suas convenções, onde a ordem lascava a direito, assente em regras compulsivas e punitivas decorrentes dos princípios nelas instituídas.
É certo, amigo ZÉ, que ladrões sempre existiram, mas, quando apanhados, era-lhes aplicado um forte “arganel”, que anos mais tarde, no país inspirador desta história, foi substituído por uma pulseira electrónica, talvez até em ouro ou prata, consoante o gosto e as posses do gatuno protegido.
Aquela terra não era de avantajada grandeza mas usufruía de um razoável património satélite que lhe dava força, vida e solidez. Subitamente foi assolada por mais um rude golpe, urdido por meia dúzia de mentecaptos com as cabeças entaladas entre grandes patilhas e encumeadas por sebosas cabeleiras, que resolveu fazer uma tomada do poder, submetendo aquele país e as suas gentes, a outro estilo da governação; diziam eles que era uma governação socialista marxista, onde todos seriam iguais e aferidos pelo mesmo sarrafo. Era esta substância bolorenta, o miolo dos repertórios bocejados ao som de harmoniosas composições revolucionárias, onde eram arengados o sumiço da pobreza, o equilíbrio entre ricos e pobres, a criação de subsídios para os jogadores de sueca e entornadores de copos, etc.
Olha pá, sobre essa filosofia, pá, eu não enxergo nada pá. Entendes, pá?
O certo é que o povo desse triste país foi levado na lamacenta e traiçoeira torrente política e caiu na esparrela. Com lábia soporífera, os ladrões continuaram a existir mas em maior número e com requintadas qualidades; mais polidos, mais descarados, mais fortificados, mais manhosos, mais traiçoeiros e, acima de tudo, mais ladrões. Apesar destas características deprimentes, por entre ziguezagues e renhidas altercações, conseguiram por fim atingir a esfera do domínio, a partir da qual criaram uma ampla cúpula que a todos pudesse proteger contra quaisquer chafurdices negligentes ou crimes propositados, que apelidaram de IMUNIDADE, S. A. I. L. (Sociedade Anónima de Irresponsabilidade Lda.).
Sob a tutela de regras por eles caboucadas com artesanal habilidade, não dispensando a prestimosa ajuda dos comparsas para a sua urdidura, começaram aqueles filhos de rameiras e pais incógnitos, a dar cabo de tudo o que de bom que aquele povo possuía. Lentamente iniciaram uma cultura de instabilidade e insegurança que levou a população a deixar de dormir descansada com medo do dia seguinte.
Pagaram muito bem pago para o oferecimento de todo o império que aquele país possuía, donde resultaram consequências trágicas; encetaram uma delapidação do património financeiro, esbanjando-o perdulariamente sem qualquer senso de ponderação; assassinaram o ensino e abalroaram a justiça, que só passou a existir para a arraia-miúda; estrangularam o sistema de saúde com imposições agrestes que estão fora do alcance de uma grande maioria – velhos, doentes crónicos etc. impuseram dízimos sobre rendimentos irrentáveis que aquele pobre povo não pode suportar; liquidaram com a segurança do reino pelo achincalhamento e limitação da autoridade às forças policiais; criaram rendimentos para os parasitas alérgicos ao trabalho ou viciados na bebedeira e na droga; deceparam mesmo, muitos benefícios sociais, por lei inalienáveis impenhoráveis; possibilitaram a gatunos da pandilha o roubo descarado e abusivo de dinheiros públicos e sua posterior lavagem; ajudaram ou facilitaram a fuga de “ilustres” vigaristas para outros territórios; apoiaram e protegeram fortunas ilícitas a elementos da pandilha ou com ligações a ela etc.
Não saciados, aqueles filhos de pais desconhecidos pertencentes à governação daquele torrão, que permitiram ou se outorgaram fazer aquelas cavaladas, foram sempre postos à margem das punições por leis criadas had hoc que os colocou numa posição de intocáveis; por falta de provas (decisões forjadas) sobejamente conhecidas, ou por deliberações com peso político, ou por recursos permitidos pela sabotagem das regras de meia-tijela, ou por expiração propositada decorrente de adiamentos dos casos encanados para julgamento e consequente punição, as coisas deram sempre em águas-de-bacalhau.
Não, amigo ZÉ, esta não acaba como todas como todas as outras histórias, com um fim glorioso, em que tudo fica bem e reina a felicidade e o bem-estar.
Não, nesta narrativa sobre aquele país imaginário fruto da minha inspiração, o pobre povo ficou atascado na calamidade até ao gasganête. Uma parte meio escondida, outra a céu aberto e ainda com um calote às costas para pagar, resultado da cáfila e récua de incompetentes e ladrões, que desgovernaram e saquearam impunemente aquele país que, apesar da desafortunada delapidação de seu império, ainda tinha recursos para andar da cara levantada, em vez de ser coagido a ficar roncando e a chafurdar no lamaçal, gemendo, chorando e a dar serviço às agências funerárias, para diminuição das despesas costumeiras, investidas na detecção, assistência e ulteriores tratamentos das mais diversas maleitas. Isto porque os piratas que por sublevação tomaram conta da governação daquela terra, assaltaram o seu património e arruinaram o sistema governativo antes instituído.
O governo, disposto em meia távola redonda, instaurou com frieza de verdugo um genocídio encapotado, que o povo tem de aguentar até que o fôlego se abscinda.
         É muito infeliz esta história, não é Zé?! Até a mim me extirpa a vontade de repousar. Pobre povo!
Com um grande abraço, até à próxima.

         António Figueiredo e Silva
Coimbra
27/06/2012
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