terça-feira, 17 de julho de 2012

AS HIENAS


“AS HIENAS”


Se enxergarmos com apurado sentido crítico alguns políticos, podemos concluir que, na sua maioria, são muito parecidos com as hienas; quando lhes aparece o isco, encetam uma frenética e buliçosa correria, e, irradiando gritos sinistros, atiram-se a ele com unhas e dentes numa renhida destrinça, para ver quem se nutre com o maior quinhão.
As eleições sempre constituíram um isco de boa qualidade, pelo que, mesmo esparrinhando cuspo e carranhas por tudo quanto é canto, vale sempre a pena contender com toda a ambiciosa voracidade e usar de todos os termos mais perniciosos rebuscados nas partes mais “magnificamente mobiladas” no nosso léxico.
Embicam entre si, e presenteiam-se mutuamente com verbações poluídas de aviltantes metáforas saídas de cérebros malsãos, deformados e esquartejados pela sêde de domínio, seu principal objectivo. Emporcalham as ruas com zumbidora presença, ora derrubando ora interpelando quem passa abstraído da apalhaçada barafunda, que tenta - e por vezes consegue - induzir e introduzir o derramamento e catequização da doutrina filosófica, à sombra da qual se mobilizam e chegam a aborrecer.
Por vezes até verbalizam algo que se pode aproveitar, evidentemente com astuciosa precaução, porque nos discursos do político, nem tudo o que luz é ouro, nem tudo o que é amarelo é palha. Uns apenas esgaravatam no chão de terra batida da capoeira do seu “intelecto”, uns quantos termos sem conexão, alguns já moídos pela usança, que de tamanha persistência se convertem em fastidiosas vertigens.
Paralelamente à palheta, oblatam uns coloridos odres de plástico, umas rascas camisetas, umas reles esferográficas - para muitos rabiscarem - cospem gafanhotos com imundos filamentos de pegajosa baba à mistura, contudo ainda nenhum se lembrou de fazer a distribuição, também gratuita, de preservativos de aço aos portugueses que sofrem dores atrozes de tanto terem sido sodomizados.
E porque não fazê-lo, se toda aquela eufórica festança manifesta um cariz de ofertório carnavalesco, a contrastar com o ridículo dos figurões que compõem o corso?
Numa romaria destas, alguns têm a faculdade de refulgir mais do que outros; ou pela sua léria na oratória, ou pelo seu utilitarismo incisivo mas enganoso, ou ainda da pior maneira, que como um batel desgovernado, sem vontade própria, - fingimento - se deixam acarretar ao sabor das ondas populistas. Tudo isto são ocorrências que podem ser notadas por todos os que a essa tarefa se derem.
Claro que os portugueses são bastante passivos, mas também se empanzinam da bazófia repetitiva e do ardil trivial, cujos resultados ficam claramente evidenciados, aliás, como tem vindo a verificar-se através da percentagem votiva. Apesar de tudo, estou crente de que a leccionação encontra sempre miolos permeáveis à entrada doutrinária!?
Assim, fazendo uso dessa permeabilidade como uma conjunção, aliada à “fome” e ao ardil d’as hienas”, estas sentem ousadia para novos ataques, e, com fúria selvagem, aventuram-se na savana politiqueira fazendo um alarido descomunal, há procura de presas meio entorpecidas!
Para meu mal e de muitos, os engodos quase sempre resultam; prova manifesta de que os portugueses sofrem indubitavelmente de um achaque chamado masoquismo, que se traduz no prazer resultante do sofrimento, um dos sintomas indicativos de oligofrenia.
As hienas são assim; vencem pela persistência e quando o vento lhes é favorável.
Para com elas todo o cuidado é pouco!?

António Figueiredo e Silva  
Coimbra
21/06/2012

*Pessoa que a tudo diz ámen
em quaisquer circunstâncias.


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