quinta-feira, 3 de julho de 2014

MEU FILHO, ESCOLHE



MEU FILHO, ESCOLHE

Se és capaz de conservar uma calma aparente onde a manigância impera e tu és o maior manhoso;
Se sentes insegurança em ti, mas consegues “convencer” os outros do contrário, mesmo que tenhas de usar de retaliação para o efeito;

 Se aparentas possuir uma calma infinita quando a ebulição invade o teu interior e consegues manter a tua “teimosia” com palavras submissas e adocicadas, mas oriundas dum senso avinagrado;

 Se és capaz de transformar os teus objectivos num vício entranhado e és capaz de esmagar tudo para o conseguires satisfazer;

 Se és capaz de exultar com entusiasmo um sucesso imerecido e disfarçar com um sorriso o constrangimento aflitivo de um fracasso quando ele se te depara, mas haveres em conta a sua diferença; 
  
 Se é capaz de aguentar para ti mesmo a verdade das mentiras que poderás dizer e desviar a atenção das promessas que não vais cumprir;

 Se por falta de capacidade própria sentires que não és capaz de reconstruir o teu ideal se ele se vier esboroar perante o teu olhar atónito de incapacidade;

Se te sentes apto para falar às massas, conjuntos vocabulares engraçados porém desprovidos de conteúdo, mas de que elas gostam e ingenuamente te aplaudem por isso;

 Se te sentes com capacidade de imprimir a ti próprio uma importância que sabes ser falsa e que de todo não a mereces;

 Se ao pobre e ao rico separadamente consegues dar razão e do choque entre ambos tiras partido, mas manténs sempre acesa a chama do oportunismo materialista;

 Se perspectivas que o que “fabricares” possa não ser assertivo ou benéfico para os outros, mas não desejas ser responsabilizado pelo que possas ter feito
;
Se podes moldar a fraqueza do teu carácter e orientá-la ao sabor do vento, sem qualquer sentimento de culpa;


Então envereda pelo caminho sinusoidal da política;

A meu ver, para ti, é o meio mais fácil de “singrar”, ainda que imbuído num puritanismo simulado, que, quando derem conta, já será tarde;

Esse percurso vai outorgar-te parte daquilo que a tua insaciável e atormentada ambição te reclama;

 Serás um intocável, rodeado de falsos amigos e salafrários, que se juntam à tua volta para bajular-te e a bater palmas às tuas baboseiras, enquanto houver comida na gamela que a todos encha o bandulho. 

Mas, no fim, acabarás por não ser nada! Porque…

Meu filho, nunca serás um HOMEM DIGNO ao cimo da terra!

E quando as mentes acordarem e se sublevarem, poderás vir a ter a fatídica oportunidade de sentir “cabeça desprender-se do teu corpo e rolar no cadafalso” enquanto o sangue espirra, e, na última fracção de segundo que te resta, teres a derradeira cogitação: onde estão os que me lisonjeavam e apadrinhavam? Filhos da.......!

Agora, escolhe.


Coimbra, 03/07/2014
http//.antoniofsilva.blogspot.pt
www.antoniofigueiredo.pt




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