quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

"A CEGUEIRA"





O fanatismo é uma realidade, que
assenta no terreno lodoso da utopia.
(A. Figueiredo)

A “CEGUEIRA”

Quando o entendimento, geneticamente propenso à fascinação, é assolado por objectivos limitados e estes são “impostos” aos outros, através de uma catequização incisiva e contínua, no cérebro deixa de existir uma visão analítica periférica, podendo, deste modo, alterar as normas éticas e morais que regem o equilíbrio e a harmonia sociais; aqui temos instalado o fanatismo, fonte de grande instabilidade universal, que cilindra, como o cavalo de Átila, tudo por onde passa, sem olhar a meios para atingir os fins, que vão desaguar na fantasia, deixando no seu rasto laivos de sangue, miséria e revolta, como vem acontecendo em todo o mundo.
Não importa a existência do fanatismo, conquanto que ele não interfira nas convicções dos outros; cada um opta pelos seus ideais e tem o direito de os viver à sua maneira; o que não deve é fazer deles uma constituição de verdades absolutas e socorrer-se da força para constranger quem quer que seja a aceitá-las.
O fanatismo é uma cegueira paradoxal; não deixa ver com os olhos abertos, porque mantém a mente enclausurada, e, em nome de uma “verdade”, tende a destruir as “outras”. Eu vejo-o como uma loucura cheia de contradições; contudo, sou a favor da liberdade de expressão, religiosa, partidária etc., desde que essas linhas de pensamento, na sua acção, não interfiram nos princípios, que devem ser inalienáveis, de estabilidade na vivência humana.
É isto que não tem acontecido. Faço uma retrospectiva e assoma-se-me ao pensamento, a visão de um espaço negro como breu, onde ressalta à vista um Planeta Azul, manchado de sangue inocente! O resultado da “cegueira”, de mãos dadas com a ambição.  
Agora foi em França - lamento; futuramente onde será?

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 08/01/2015
www.antoniofigueiredo.pt.vu

Sem comentários:

Enviar um comentário