sábado, 25 de abril de 2015

QUE RAIO DE JUSTIÇA É ESTA?



A justiça não consiste em ser neutro entre
o certo e o errado, mas em descobrir o certo
e sustentá-lo, onde quer que ele se encontre,
contra o errado.



“Que raio de Justiça é esta?”

(…) não se sabe porque é que ele está preso. Algum dos senhores sabe? Já houve algum julgamento? Que raio de Justiça é esta?
(Palavras de Mário Soares, ex-presidente da República Portuguesa)

Mas não sabe, quem? Só se for a conveniência que não saiba, porque todo o mundo sabe e eu também sei. Está “preso” (detido) por, com empenho e mestria, ter realizado obras de cariz beneficiador, em prol da estabilidade social do país, cuja governação encabeçou durante determinado período de tempo; foi só por isso. Na realidade, ele não está preso, até porque não tem culpa formada, o que está é resguardado das consequências da ingratidão daqueles que lhe querem mal pelo bem que lhes fez; encontra-se apenas num espaço protegido, em estado de maturação psicológica (meditação) e ao que consta, abonado de privilégios que não são conferidos à generalidade dos detidos, com a mesma rectidão e imparcialidade regulamentadas.
Que eu saiba, e não sou jurista, casos existem que não é necessário haver direito a um julgamento para ser-se posto a descansar à sombra da detenção; basta para tal, que pairem fortes indícios que conduzam a uma fechada acção investigatória com vista a uma possível condenação e que ao melro lhe possa dar na veneta e voar em liberdade, podendo ficar sob a mira de alguma mal-agradecida chumbadazinha, daqueles que são capazes de o negar três vezes antes do galo cantar, ficando assim uma lacuna por preencher chamada dúvida, ou seja, o espaço que separa o mito da realidade.
Ainda há quem questione, “que raio de justiça é esta”!? A meu ver é justiça de protecção ao cidadão, que perante a lei esse direito lhe assiste. Está lá, bem quietinho, ninguém lhe faz mal, come e bebe – não pão e água - à custa do orçamento, sem inquietações com a gerência de uma parca reforma, gozando a vida à pala daquilo que do Céu lhe cai por obra e graça do Espírito Santo – esta figura mística, agora também tem tido uma imagem bastante poluída – e até lhe sobra tempo para escrevinhar, pelo próprio punho, o seu canhenho de recordações, se assim o desejar. É mau, é!
(…)“que raio de justiça é esta?”
Penso que esta é uma justiça justa, porém, que a muitos não se ajusta.
O cidadão tem direito à protecção sem diferenciação de raças, cores ou credos; então não é verdade?
Eu diria: isto é que é justiça d’um raio!

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 23/04/2015

“CRÓNICAS DE UM CRÓNICO”





   


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