segunda-feira, 8 de junho de 2015

Rótulo: CRIMINOSO



Rótulo: CRIMINOSO (até ver!?)
(Carta aberta à “Peste Grisalha”)


Pela forma como foram escriturados, objectivamente e sem borrões de pena e, ao que parece, “sem peso de consciência”, no que concerne aos cidadãos que, por imposição da ordem natural chegaram ao “desprezível” patamar etário da “imprestabilidade”, onde - supostamente - numa macaqueação pueril, foram assemelhados a uns parasitas viventes, tendo como maleita causal o facto de serem portadores de um foco de infecção nacional, cujo vírus é denominado “ PESTE GRISALHA”*.
Lembram-se? Eu ainda não esqueci.
Muitíssimos cidadãos reagiram com gana febril ao conteúdo da frase que, dita em brejeira conversa de café entre amigos ou conhecidos, não teria certamente as mesmas cargas de negatividade e repulsa que a manchou, quando esta foi escriturada por um deputado do nosso Parlamento.
“A nossa Pátria está infectada pela já conhecida peste grisalha”.
A frase em questão, até no hemiciclo parlamentar português foi alvo de “simpática” crítica, como pode ser constatado e ouvido através do link: www.youtube.com/watch?v=e1PIAH-9PRo  
Este articulado vocabular, criado, copiado, contrafeito ou encomendado - isso pertence à fasquia adivinhadora – contudo, assumido por um deputado do parlamento do nosso país, foi motivo para as mais diversificadas reacções de natureza pouco amistosas e que eram bem timbradas de repulsas biliares, cuja negatividade jornadeou em palavras pouco conciliadoras, desde as mais brejeiras às mais acutilantes, em que a chacota teve também a sua fatia, chegando até aos impropérios – com os quais já não concordo – numa tentativa de atingir o ego de quem as escreveu e/ou subscreveu.
Um dos revoltosos emergidos dessa “PESTE GRISALHA” fui eu.
Se os vocábulos tivessem sido assumidos por um normal cidadão, é natural que tivessem passado despercebidos ou atingidos por uma censura mais suave; agora, arrogadas por uma figura pertencente à “elite” (?) da nossa governação, um político, a sua crítica não deve nem pode ser posta ao abandono, embutida num silêncio covarde de opressiva condescendência.   
Ainda que tendo sempre primado por não fazer quaisquer afirmações nos meus trechos, mas tão só e apenas, materializar os meus pensamentos opinativos em palavras entendíveis, contudo animadas de grande turbulência contestativa, porém sem procurar denegrir a imagem da figura em desapreço, boa ou má, por ela criada, uma vez que era cidadão que pessoalmente não conhecia, nem conheço; decorrente de uma interpretação diferente àquela que eu pretendia dar, foi, pelo deputado referido, instaurado à minha pessoa, um processo-crime por difamação agravada, a que a decisão do Tribunal de Gouveia assente num grande ”tratado” de mestria e conciso saber, não deu provimento à quezília.
Com todo o direito que lhe assiste, o arguente, não refeito do que considerou com realçado dramatismo uma medonha afronta, ferido no seu ego, recorreu para o Tribunal da Relação de Coimbra que proferiu como douta sentença, que o meu julgamento fosse consumado, tendo em conta o crime por difamação, bisturiando deste modo o “agravada”.
Num escrito opinativo, onde as declarações são susceptíveis de alvitrar várias interpretações, não duvido que, segundo o entendimento de cada cabeça, todas sejam verdadeiras, porém, perante as diversificadas maneiras de avaliar, ninguém poderá certamente avaliar qual delas é a definitiva.
Assim, é natural que, por um infundado débito de desonra, facturado no papel cinzento da conveniência onde a dúvida é manifesta, foi criado deste modo, um confronto entre a fragilidade própria da incerteza e dureza certa da razão, a ser debatido novamente em alvazil competente.
Com a têmpera carbonada que a minha consistência psicológica até hoje me tem permitido, cá estou à espera do desfecho decorrente da errada interpretação que me desejam atribuir, ainda que não tenha sido essa que vagueou na minha intenção quando opinei sobre a tristemente, porém celebérrima frase: “A nossa pátria foi infectada pela já conhecida peste grisalha”.
Sabendo eu que ninguém dá pontapés em cão morto, a isso atribuo a razão da sedenta retaliação, que visa no fundo, a procura de um cordeiro pascal, para desoprimir descréditos de consciência acumulados.

António Figueiredo e Silva
Coimbra 7/06/2015
“CRÓNICAS DE UM CRÓNICO”