terça-feira, 12 de janeiro de 2016

LESMAS E CARACÓIS

“LESMAS E CARACÓIS”
(analogia)


São moluscos pertencentes à família dos ranhosos, cuja presença não é muito desejável na nossa comunidade, mas temos que os aguentar.
Estes gastrópodes, embora diferentes, ambos se arrastam num aparentemente penoso andamento, contudo, sem darmos conta, eles abicham ao cume do monte, onde um pasto leguminoso bem hidratado os espera para encherem a ávida pança, artilhada com insaciáveis bolsos sem fundo.
Ambos possuem não um, mas dois pares de “cornos” – é obra! - retrácteis; os inferiores olfactam e os de cima vêm e tacteiam.
“Correndo” sobre um tapete de pegajosa gosma e actuando com aparente suavidade, são estes moncosos que nos dão cabo dos couvais que arduamente foram sachados por nós à custa de muito trabalho e regados com gôtas de suor.
Se bem que pertencentes à mesma família, uns têm casa própria e os outros lá se vão arranjando – mas bem, claro!
Os que têm moradia própria, saldada à nascença, quando se sentem ameaçados, recolhem os “cornos” e enfiam-se dentro de casa, quietinhos como se nada houvesse acontecido; os da outra estirpe com o amparo mais diminuído, limitam-se a contrair, pensando no seu íntimo que passam as culpas do “desastre” para os outros – e por vezes acontece - e lá vão vivendo desse expediente, não deixando porém de dar cabo do nosso couval e outras plantas mais tenras; porque a estes aristocratas das plantações não é qualquer coisa que lhes serve!?
Se os deixarmos à larga, até a nós nos comem vivos. São uma cambada que se protege coesamente entre si e proliferam como minhocas.
Onde existe caracóis é imperativo existirem lesmas, cujo aspecto é nojento, repugnante.
Não sou biólogo, mas sinto que as lesmas são os lacaios dos caracóis; estes parecem-me, não digo mais inteligentes, porém mais espertos.
Até parece que estou a ver um caracol a “discursar” e umas quantas lesmas a rodeá-lo com um ar de incondicional assentimento, enquanto uma diversidade de bicharocos menos importantes os “ouvem” com velada atenção e no fim, quem tem “mãos” bate palmas, quem as não tem, bate com a queratina.
Para salvação o nosso couval, e outras plantações que fazem parte da nossa sobrevivência, há que dar guerra sem tréguas a esses gastrópodes sem escrúpulos, sem limitações e sem lei, se não, só nos deixam talos desidratados para roermos.
Temos que arranjar batalhões de predadores para dar cabo dessa peste.
Que cáfila são as…
 Lesmas e caracóis.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 10/01/2016
www.antoniofsilva.blogspot.com

     

Sem comentários:

Enviar um comentário