domingo, 24 de abril de 2016

IR P'RÓ GALHEIRO

IR P’RÓ GALHEIRO

Por conveniência, optei pela recusa em investigar o que é o galheiro devido à versatilidade da sua aplicação nas mais diversas situações surgidas no decurso da linguagem corrente portuguesa, cuja abrangência ultrapassa já, o regionalismo. Por isso, não sei o que é; mas se existe, não faço a mínima ideia onde encontrá-lo; talvez ao lado do Céu, ou do Inferno, ou mesmo entre ambos; ou então em lado nenhum a não ser na fertilidade da nossa imaginação. Bem, sei apenas que é um vocábulo com um significado bastante abrangente e com ampla grandeza angular usado vezes sem fim na articulação da nossa língua, e que, segundo o tom em que é pronunciado ou as palavras que o precedem, tanto pode significar mau presságio como uma advertência, um fim ou um destino. Pode também ser conotado como gosativo, pejorativo e ameaçador, levas uma cacetada nesses cornos e vais p´ró galheiro; admirativo, não me digas, foram pró galheiro; interrogativo, queres ir p’ró galheiro? e muitas outras formas de interpretação que não me apraz mencionar porque já foram p´ró galheiro do meu pensamento.
Imagino o galheiro como uma uma arca de capacidade ilimitada situada no espaço incomensurável da nossa imaginação, para onde mandamos tudo o que nos desagrada, e por vezes, se formos palermas, também o que nos agrada.
A palavra galheiro, certamente deve ser derivada de galho e todos sabemos o que é um galho; sabemos também que se o galho se quebra temos grandes possibilidades de ir para o imaginário galheiro.
Ao perder o meu precioso tempo a dissertar sobre este termo, se no final por qualquer azar o computador se avariasse ou o meu discernimento parasse a sua função cognitiva, como é hábito dizer-se, que lá foi tudo tudo p’ró galheiro. Isso é que seria um grande galho!
O galheiro foi uma criação nossa, onde podemos meter o azar e a sorte; neste caso não ficam as duas no galheiro, não; quando uma delas vai para o galheiro a outra desocupa o seu espaço para o próximo visitante que tanto lá pode permanecer temporária como eternamente – aqui já é mau.
E para ultimar, todos os que leram esta alienada crónica e gostaram, que repitam a dose, pois o riso equivale a um voo suave, onde o espírito momentaneamente usufrui de liberdade em toda a sua plenitude; os que não apreciaram, que vão todos p´ró o galheiro, não sem primeiro terem partilhado esta sinusoidal crónica que acabei de escrever, antes que o azar me bata à porta e eu vá p’ró galheiro.


Loureiro/Oliveira de Azeméis
08/04/2016
www.antoniofsilva.blogspot.com




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