sábado, 23 de abril de 2016

O RACISMO

Se fores a Roma, faz-te romano.
(ditado antigo)


O RACISMO


Penso que este alfobre tem vindo a ser escrupulosamente bem estrumado pela comunicação social, não com a intenção de minorar o seu alastramento mas no intuito da sua nociva propagação, pelo crédito e empolação que atribui a pessoas que não querem enquadrar-se dentro da lei que nos governa.
Que ele existe é um facto irrefutável. Porém, com a intensidade que o pretendem demonstrar através das intencionais especulações que fazem e dos enquadramentos que levam a público, já não estou de acordo. Até porque este sentimento de repulsa não é unilateral e verifico que ele se manifesta com mais intensidade de um dos lados, que eu considero o mais escuro.
Estou farto que me batam nos tímpanos e me atormentem as pupilas insistentemente, fazendo crer que nós é que somos as bestas, e os outros são uns mártires e uns coitadinhos sendo causa para os trazermos nas palmas das mãos, como se de crianças se tratasse.
Existem direitos que todos devem ter, e, para tal, há leis que todos devem cumprir para adquirirem esses direitos. Porém, quando se trata de especular sobre o racismo, apenas verifico que os direitos emergem como exigência de primordial importância, soterrando irracionalmente os deveres, por uma questão de sensacionalismo, que é o néctar que alimenta a desordem quando não há força para restabelecer a harmonia impondo a lei, seja a que preço for.
Eu sou a favor daqueles que desejam a paz, conquanto que nesses, o direito e o dever andem entrelaçados.
Seja preto ou branco, amarelo ou castanho, vermelho ou azul às riscas, a aplicação do direito/dever devem ser impostos; se não for a bem, que seja a mal, mas com consciência e igualdade, sem qualquer proteccionismo cromático.
De qualquer maneira, sou a favor do livre-arbítrio no que respeita a cada um a escolha da sua convivência, livre de quaisquer imposições imanadas por alguns parvos da sociedade hipócrita da qual faço parte; quando não, deixamos de ser nós próprios, para sermos aquilo que os outros querem que sejamos. Se alguém não se sente bem a conviver com um qualquer sabujo, que muitas vezes nem sabe onde pendura o penico, seja ele tinto ou branco, que razão existe para que essa imposição seja feita?
O que nós temos sido, isso sim, é uns verdadeiros perdulários e temos recebido como moeda de troca, apenas ingratidão sob a forma de desrespeito pelos nossos valores e pelos nossos costumes. Se não se põe travão a isto, não sei, com toda a franqueza, aonde iremos parar.
Não temos feito mais do que esboroar o nosso orçamento, hipotecando o nosso território para purgar um pecado original – não sei se será - do qual eu e muitos mais não temos culpa alguma, pois nem uma dentada demos na maçã. Quem a deu, está bem posicionado e resguardado dos tumultos provocados por esse racismo inconsciente e selvagem.
Se existe alguém que pretende uma integração numa sociedade, seja ela qual for, deve cingir-se às leis e costumes vigentes, há séculos estabelecidos.
Não consigo meter nos miolos que ainda tenho, – e outra coisa também - que quem come das minhas côdeas e usa o meu abrigo, se revolte contra mim, exigindo aquilo a que não tem direito, destruindo a paz social e enxovalhando e agredindo a representação da lei, tendo como objectivo provocar a desarticulação do meu bem estar. Mesmo assim, atendendo à condescendência porque sou um verdadeiro democrata, apraz-me dizer que quem não gosta da comida que lhe dou, não come e quem não se sente bem junto a mim, que zarpe.
Se se chama democracia abafar os sentimentos de cada um dentro do seu próprio espaço, então mudemos de faceta, pois já não sei o que é ser livre no meio deste Nzingalis* (?).
Não devemos meter a cabeça de baixo da areia e fazer de conta que não é nada, pois pela proporção que as coisas estão a tomar, qualquer dia somos sodomizados.

António Figueiredo e Silva
Coimbra

*Nome de um utópico “país” triangular,
compreendido entre Lisboa-Sintra-Cascais,
reivindicação feita por meia dúzia de "mabecos".

  

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