O débil, acovardado, indeciso e servil não conhece,
nem pode conhecer o generoso impulso que guia
aquele que confia em si
mesmo, e cujo prazer não
é ter conseguido uma vitória, se não de se sentir
capaz de conquistá-la.
(William Shakespear)
*“NIM”!
(?)
(Reflexão)
Conceito
assente em fundações de indecisão que deambula no vazio intelectivo das pessoas
onde, por inexistência, o “presumido” carácter não vai além de uma falácia.
Isto porque quando não somos capazes de
emitir opiniões próprias, isto é fundamentadas no ajuizamento das nossas
análises, é sabido que a inteligência não nos assiste por consequência genética
de um bloqueamento das sinapses neuronais. Opinar é, a meu ver, condição
fundamental dos sortudos bafejados pelo entendimento, atributo que muitas vezes
a própria Natureza é forreta e não distribui com a devida equidade.
É por isso que, para esses desprotegidos
da elite natural, foram criadas e aceites com certificada validade, frases
usuais que, como fósforo apagado, não fazem fogueira; “não concordo nem
discordo”, “assim, assim”, “mais ou menos”, “nem confirmo nem desminto” “tanto
se me dá como se me deu”, “nem sim nem sopas”, “caguei e andei”, até àquela mais corriqueira,
“nem me aquenta nem me arrefenta” etc.
Todas estas composições vocabulares são
a réplica dos indecisos, dos fracos de espírito, a qualquer questão, por mais
melindrosa que ela se apresente; é a resposta da cobardia ou o grito sêco da
ignorância.
O covarde ou o ignorante nunca desfruta do
prazer de sentir a liberdade de expressar a sua opinião como uma realização da
sua vontade própria onde a interferência da censura não põe o pé. São seres
viventes que se acomodaram ao “nim”
para qualquer situação, com pavor de arcarem com a responsabilidade de uma
corajosa tomada de posição, quando por via dos factos isso é exigido – a um
cérebro normal, claro. Estes acéfalos, deixam-se ensurdecer pelo cagaçal dos
outros, permitindo deste modo que o seu parecer seja abafado. O medo de
cometerem um erro empacota-lhes a coragem e não se convencem de que errar é
humano; o que não humano sim, é não reconhecer o erro; isso é de parvo.
A minha posição, isto é, o meu carácter,
nunca se dobrou à casta da vassalagem e sempre pugnou pela propagação - a meu
ver - da justeza dos meus pareceres que por vezes são achacados à impertinência
de retaliações como gélida vingança de cérebros entorpecidos pelo vazio de um
egocentrismo apodrecido, cujo fruto, não vingará, ou na verdade não existe.
Quer concordem quer discordem, esta é a
minha opinião muito sincera, amadurecida ao sabor dos vendavais e quietudes que
durante setenta e dois anos burilaram a minha maneira de ser e de estar na
sociedade que me rodeia.
Este escrito, que não tem nada a ver com
os escritos do Mar Morto, redigi-o para que as mentes mais iluminadas possam
ler e meditar sobre quão nefasta é para a sociedade em que vivemos a indecisa
resposta com um “nim”. Se este “nim”, fosse por ventura uma resposta
generalizada, que felizmente não é, o intelecto científico pararia, a evolução
estagnava e o Mundo apresentar-se-ia cinzento e frio, como o denso nevoeiro que
envolve o cérebro criogenado de onde germina a resposta, “NIM”!
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 24/11/2016
*Nem sim, nem não.