quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

A REVOLTA DA "PESTE GRISALHA"

   O conhecimento torna a alma jovem
 e diminui a amargura da velhice.
Colhe, pois, a sabedoria. Armazena
 suavidade para o amanhã.
(Leonardo da Vinci)

A REVOLTA DA “PESTE GRISALHA”

É mesmo uma sublevação a sério! Nunca esperei que a ferocidade do meu ataque, a imprudência de um deputado e as decisões dissemelhantes entre juízes, viessem a resultar no ciclone de indignação que ultimamente têm bulido com a percepção de uma tão grande fatia de portugueses. Esta reacção de cariz condenatório, já se arrasta um mês e ao que se me quer afigurar, ainda está para durar.
Perante tão catastrófica revolta, onde as hostes grisalhas, e não só, constroem paliçadas à minha volta numa cerrada defesa e erguem as espadas dos seus argumentos os contra o que dizem ter sido uma injustiça, a minha condenação. Que poderei eu depreender, desta lição de solidariedade e indignação? Nada mais, nada menos, do que, nos trilhos cobreantes da lei, algo devia ter sido mal conduzido ou mal interpretado.
Agora apraz-me questionar:
Como é que o mesmo Tribunal (Tribunal da Comarca de Gouveia) que me absolveu na instrução do processo, mais tarde me veio a condenar, cuja condenação foi confirmada pelo Tribunal da Relação de Coimbra?
Só mais uma questãozinha, quiçá de mau gosto, todavia não quero alimentar dúvidas dentro de mim, porque que funcionam como uma camisa de forças para minha incomodativa maneira de ser:
Em face da minha resposta, não ao artigo “Portugal de Cabelos Brancos” – veiculado pelo “Jornal I” em que o autor se assinava por Carlos Peixoto, Advogado e Deputado do PSD – contudo, unicamente à frase que deu origem à polémica réplica, “A nossa Pátria está contaminada pela já conhecida peste grisalha”, eu fui acusado de um Crime de Difamação Agravada, pelo autor da frase constante no seu artigo de opinião. Foi a “nobre” resposta que obtive, à carta aberta que lhe enderecei.
Nos seus argumentos processuais assumiu com grande ênfase que era deputado; “choramingando” arguiu que foi muito mal tratado, difamado, e outras interpretações nocivas que ele entendeu na sua trasladação linguística. Até aqui, certo.
Como não ficou satisfeito com a minha absolvição, encetou um recurso para o Tribunal da Relação de Coimbra, pedindo “o meu pescoço à guilhotina”; com vista a ser submetido a um julgamento no “Sinédrio” de Gouveia, o supracitado Tribunal retirou a Agravação, alicerçando a sua tomada de posição, no argumento de que o queixoso não escreveu a sua crónica - “Um Portugal de Cabelos Brancos”- como Deputado, mas sim, como simples cidadão, transformando desta hábil forma, este crime, diga-se Publico-político, em um crime particular, tendo como resultado o meu julgamento, donde culminou a minha controversa condenação; justa ou injusta, não cabe a mim julgar.
A sociedade grisalha - e não só – com a sua escamada revolta, está a encarregar-se-á dessa espinhosa missão, que consiste no julgamento donde proveio a minha condenação em que os julgadores é que são os condenados ao suplício do martelo da moral e do senso comum, onde me parece abundar uma justificada razão para que tal aconteça.
Apesar da dureza e da conclusão e da refrega, sinto-me bastante confortável, e, com os meus setenta e dois anos de idade, mas com os miolos e o resto no devido lugar, ainda que contaminado pela grisalhice, até agora não foi necessário recorrer ao xanax para ter sonos repousantes.
Jamais me arrependi e nunca me arrependerei de defender, atacando raivosamente, quem eu entendo que despreza os princípios da reciprocidade no respeito mútuo, catalisador de uma boa e saudável vivência, e muito menos perdoo as ofensivas arremessadas àqueles que, com mais ou menos saúde estão na rampa de lançamento para o além, mas que deixam cá as suas lições de vida agrupadas em pequenas histórias de sangue, suor e lágrimas, com parcas alegrias pelo meio, e que devem ser aproveitas pelas mentes mais sensatas, para que no futuro possam contribuir para uma estabilidade social mais condescendente e por isso, mas judiciosa.
E para finalizar, espero que esta sublevação fique para a História, a fazer parte da tão badalada revolta social, contra a minha condenação, em:
“O CASO DA PESTE GRISALHA”.

António Figueiredo e Silva
(OCONDENADO)
Coimbra, 01/12/2016
www.antoniofsilva.blogspot.com     
    



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