terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

AI “DÃO” MANUEL, “DÃO” MANUEL!?

De todas as taras sexuais, não existe
nenhuma mais estranha do que a
abstinência.
(MillôrFernandes)

AI “DÃO” MANUEL, “DÃO” MANUEL!?


Antes de começar a espadeirar, gostaria de frisar que não tenho nada contra as mais diversificadas crenças que possam existir e as doutrinas que as orientam; cada um tem o direito de ter a sua e proceder do modo que melhor se sentir, espiritualmente.
Como católico que sou, “Dão” Manuel Clemente, eu ficaria mais contente se ninguém fizesse chacota de sua Eminente pessoa, por exteriorizar algo que me parece ser decorrente de um recalcamento, quiçá fruto de uma necessidade contranatura refreada, que ficou p´raí a pairar desnorteada e caiu no inconsciente.
É certo que, em fiança da defesa alegada em torno do acontecido, foi salientado que as palavras não eram “Vossas”. É verdade. Porém, quando são usadas expressões que não são nossas, elas são-no no momento em que as vestimos e comungamos a filosofia das mesmas. É uma chatice e depois não há volta a dar-lhe.
Não tenho nada a ver com os procuram a sua felicidade de forma diferente daquela que está religiosamente instituída, porque o ser humano não pode comportar-se como um ser místico; o misticismo só cabe nas cabeças mais catequizadas em que uma ortodoxia implantada lhes faz fluir um fanatismo exacerbado que lhes transverte o sobrenatural em realidade. Mas isso… é problema de cada um.
Se me é permitido pensar e divulgar o meu pensamento, considero que o casamento, o divórcio, o amancebamento, o ajuntamento (vocábulo transmonto usado para o mesmo efeito), ou o namorico, não são meras zurrapas que se repisam e caldeiam (recasam), para darem origem ao uso do vocábulo em causa: “recasar”. Apesar de estar contemplado no léxico português, reconheço a sua aplicação ridícula para o caso em questão. Não soa bem. Recasar!?
O que é isso, Sr. “Dão” Manuel Clemente?
Por outro lado, o sexo, com toda a abrangência do seu significado, sempre foi a base da Criação, (e malcriação é certo), donde resulta toda a existência que os nossos sentidos alcançam; a própria religião a isso o estimula: “criai-vos e multiplicai-vos”. É evidente, que se fazer sexo equivalesse a semear um saco de batatas, certamente que a terra se apresentava como “no princípio” da Criação, “vã, informe e vazia”… e ainda, sem luminárias.
Agora, que habituei o meu espírito a algumas condicionantes materialistas, sem contudo olvidar a parte mística da minha crença, apraz-me questionar: que piada teria um Mundo amorfo? Penso que não teria nenhuma. Era o vazio; apenas o vazio. A presença de Vossa Eminência Reverendíssima não seria uma evidência, e nesse caso não teria a possibilidade que Deus lhe concedeu, para proferir coisas engraçadas e com alguma piada, contudo sujeitas a críticas brejeiras que talvez não lhe agradem. 
Falo assim, porque, como é evidente, não vejo motivo algum, para dois seres “recasados”, termo aplicado por Vossa Eminência, devem viver de costas voltadas todas as estações do ano, mesmo quando o frio aperta, sem roçarem o toucinho, sufragando desse modo o apelo natural ao aquecimento e à fisioterapia, e porque não à reprodução!? – Quando acontece.
Resta-me rogar a Deus para tenha clemência de Vossa Eminência Reverendíssima e que o Espírito Santo desça sobre si e lhe ilumine o pensamento para que não busque refrear no ser humano os instintos com que a Natureza o dotou no limiar da Criação.
“Pecado” foi o de Adão e Eva; para todos os seres vivos, é a sublimação de um grande prazer. É a candeia com que a Natureza ilumina alguns momentos felizes da nossa trágica existência.
Assim o penso, assim o digo.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 13/02/2017




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