sábado, 10 de março de 2018

A FISGADA


“O resto é conversa!”
(Pedro Santana Lopes)

A FISGADA

Há muito que não me doíam tanto os músculos barrigais, de tanto rir.
É usual dizer-se que um homem nunca´gaba a si próprio, mas, assassinando as estatísticas dos pensamentos degradados, há sempre um Tarzan que tem a lembradura de ejacular cá para fora umas postas de pescada ou uns carapaus com molho de escabeche, à laia olissiponense, tornando-se deste modo, a encarnação perfeita do alfacinha de outros tempos, onde a brilhantina a untar a cabeça e o capricho de gingão eram o seu cartão de apresentação, senão, o seu BI ( naquele tempo ainda não havia o maldito Número de Identificação Fiscal), mas só isso.
Há coisas do arco-da-velha!
Sem mais nem p’ra quê, florou-se-me à mioleira recordações dos meus velhos tempos de moço “aviador”, quando Lisboa era Lisboa e o turismo “pirata” passava pelo Cais do Sodré, fazia uma digressão ao Largo do Intendente ou percorria as casas da mais esmerada reputação e asseio do Bairro Alto, onde eram frequentes algumas confusões por causa das gajas e, às vezes, antes de começar o burburinho soltavam-se umas frases em tom ameaçador, porém balofo, “olha q’eu sou do Alto Pina, ahm!? Levas uma cabeçada e ficas a cheirar a brilhantina”. Era engraçado. Estes arrufos eram típicos do alfacinha malandreco que tinha a mania que ia a todas. Era o dominador do “curro”-  na maioria das vezes, só de garganta, porque também tinha a mania que era fadista.
É pena já cá não estar o falecido Zé Vilhena, que já tinha pano de sobra p‘ra mangas, que lhe permitiriam tecer algumas marteladas elogiosas, como só ele sabia a fazer, dedicadas aos convencidos e vaidosos reis da selva alfacinha, pela sua beleza, que, nas entrelinhas, encanta, não só a fêmeas lisboetas como as de todo o mundo. Caramba! Meu rico tempo, que já se evaporou!
Por certo que não serei a pessoa ideal para argumentar qualquer comentário sobre a beleza das ditas figuras, porém considero-me a pessoa adequada – se outra não aparecer – para dar uma fisgadazinha no egocentrismo das estátuas ainda vivas, que, com todo o convencimento que já vem de ginjeira, se apressam a assumir representação do macho -  machão - de Lisboa, perante o Globo… e arredores
Bem, eu sei que existem pessoas sempre se prestam a uma representação com um certo sarrafo de piada e brejeirice nas suas interpelações, razão pela qual até sinto um certo prazer em ler algumas frases, contudo, sem levar a sério a sua cantilena, cujo préstimo tem somente a finalidade de me tirar do marasmo, nos momentos em que me sinto mais abatido. É semelhante a ler uma revista de banda desenhada de Walt Disney, sobre O Zé Carioca.
O certo é que com grande lábia, como o famoso Zé Carioca, alguns têm tem levado  uma vidinha a sorrir, a trincar do bom e do melhor – de tudo -, quer lhe passe por cima, quer lhe passe por baixo, sem quaisquer emperro na voracidade do seu apetite.
O lindo, é que o mundo da idiotice é mesmo liiindoo! 
Por isso é que de vez em quando aparecem “pavões” que, com acentuada presunção, escrevinham umas frases brejeiras e litigáveis perante a crítica sarcástica, mas… vou deixá-las com a sua egolatria empedernida, que elas ficam felizes.
E eu também.
“O resto é conversa”. (?)

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 09/23/2018
www.antoniofsilva.blogspot.com  


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